ESCREVE CAIO GIMENEZ
A matada de ombro em altíssima velocidade deixou o lateral no chão. A arrancada decisiva atordoou a sensação De Ligt e o experiente Blind. A assistência açucarada fez sorrir Karim Benzema. Com apenas 18 anos, Vinícius Jr plantou mais uma semente no futebol europeu com sua primeira atuação de brilho já na estreia pelo mata-mata da Liga dos Campeões em Real Madrid 2 x 1 Ajax. Uma semana após ouvir algumas críticas pelo acabamento de boas jogadas que criou no Super Clássico, Vinícius mostrou que sua escalada entre os jovens do futebol atual é sólida e inegável.
Se em maio de 2017 parecia um absurdo o pagamento de sua multa rescisória em 45 milhões de euros, bastaram alguns meses na Espanha para que o negócio feito pelo Real Madrid pareça uma pechincha. Afinal, em uma temporada que começou com partidas pelo Real Madrid Castilla, Vinícius desandou a ter participações importantes na equipe principal e já soma 13 assistências e sete gols. O presente para Benzema em Amsterdã foi apenas mais um capítulo.
Único jogador com a mesma idade a rivalizar com Vinícius Jr no quesito desempenho em grandes ligas da Europa, o inglês Jadon Sancho, do Borussia Dortmund, já tem, há meses, um regresso especulado para a Premier League em cifras superiores aos 100 milhões de euros. Isso ajuda a entender o quanto o investimento feito pelo Real Madrid no atacante brasileiro já dá sinais muitos claros de foi certeiro. Aos 18 anos, Vinícius ainda tem muito conteúdo e músculos para adquirir. A comparação com os jogadores de sua idade é cruel.
Coadjuvante da noite na capital holandesa, o ex-são-paulino David Neres saiu da ponta esquerda para aparecer ao centro em diversos momentos da partida, importante para reforçar sua condição no belíssimo time do Ajax. Neres não ficou atrás de Vinícius e também abrilhantou sua jornada com uma assistência para o gol de Ziyech. Sua margem de crescimento parece menor que de Vinícius entre os grandes do futebol mundial, mas o destino para o garoto de Cotia também parece ser uma das grandes ligas do Velho Continente e a seleção principal. Por ele, o Ajax pagou 15 milhões de euros depois de somente oito partidas nos profissionais tricolores.
Enquanto dirigentes, torcedores e até mesmo jornalistas trataram as vendas como as de Neres e Vinícius Jr como excelentes negócios para as equipes brasileiras, Ajax e Real comemoram antecipar jogadores desse quilate, que em médio prazo já valem mais do que custaram e ajudam em partidas duríssimas. Como explicar que eles brilham na Liga dos Campeões enquanto a Libertadores, para treinadores do Brasil, é normalmente vista como palco para os atletas experientes?
ESCREVEU CAIO GIMENEZ