Jogador de futebol, seja um profissional genial raro como Neymar, seja um jeguial remunerado comum como não poucos, precisa não ouvir incertas coisas e injetar sangue de barata nas veias.

Neste mundo de Lei de Talião e de práticas talibãs de "bateu, levou" e "orelha por orelha, vou arrancar seus dentes e sua pele", de bloqueios mentais e blocks da mídia abaixo da média, ou não se responde nada ou se dá um tapa na outra face e se tira do seu Facebook.

Neymar errou. De novo. Sabe que errou ao dar um gancho no cidadão que o provocava numa gravação de celular quando ele subia para receber as tristes medalhas de vice da Copa da França. Deve pegar mais um gancho por indisciplina.

Mas deve expiar todos os pecados do PSG e do Brasil?

Não passo pano pra ele. Nem passo a patrola e a patrulha empedernida que o esfola como se fosse filosofia de vida.

Neymar errou como menino que não é mais. O preço de tudo que conquistou na grama, na grana e na fama também se cobra quando um estúpido grava o que o torcedor falou de Buffon, Verrati e demais companheiros de time.

No estágio de craque e ídolo de Neymar, ele precisa pagar e prestar contas que não são dele. Não é tributo justo. Mas faz parte do combo VIP.

Não é partindo pra ainda mais ignorância que as coisas se resolvem. Mas a intolerância não é só do cidadão preconceituoso e desrespeitoso. É deste tribunal de in(ternet)quisição que não quer ver mais Neymar nem pintado de verde-amarelo.

Parece que muita gente no Brasil é o cidadão gravando aquele vídeo antes de ser atacado por Neymar. Parece que estamos todos putos com ele como ele está puto com tudo.

Tempo para todos refletirmos.

E ele, muito mais.

Por que parece que adoramos não gostar de Neymar?

O que ele nos fez ou deixou de fazer?

O que ele pode fazer para virar esse jogo fora de campo?

Dentro dele, basta jogar o que tem jogado. E não se lesionar.

Fora, as fraturas, fortuna e farturas não parecem ter como.