Palmeiras 2 X 0 Rosário - Juro
– Põe o Fedato!
Era o que todo palmeirense gritava quando era muito feliz – e sabia. Segunda Academia, primeira metade dos anos 70. Quando aquele time não marcava, o que era raro, era só pedir pelo centroavante careca – que ele faria um golzão entrando no segundo tempo, o que não era raro.
Cresci gritando "põe o Fedato". Nada mais natural que berrar o mesmo quando os torcedores no Morumbi pediam até Pelé no time de Zagalo. E o Rei já tinha deixado a Seleção três anos antes…
Era um amistoso antes da Copa-74. Primeiro de maio. Brasil 0 x 0 Áustria. Jogo chato para doer. Todo mundo pedindo jogadores que estavam no banco ao lado de Zagallo, ou nem estavam no estádio. Não eram de Seleção.
– Põe o Fedato!
Eu falei só uma vez. Foi suficiente para umas cinco fileiras na minha frente, um loiro meio careca virar pra trás, na direção daquela voz de taquara rachada de criança de sete anos, abrir um sorriso e mostrar o polegar.
Era o Fedato.
Ele, claro, não entrou. O jogo, óbvio, ficou no empate sem gols. E a gente, claro, desde então, na fila ou não, meio que sempre pediu Fedato em campo. Mesmo quando ele estava no banco, mas como treinador, nos anos 1980. Mesmo depois da morte dele, nos anos 1990.
Desde 2014 a gente de verde aprendeu a pedir Cristaldo. Metade dos gols dele vêm quando chega do banco. Alguns no primeiro ou segundo toque na bola.
Por isso eu defendia no molhado Allianz Parque (encharcado desde o primeiro minuto) a manutenção de Alecsandro, deixando o argentino para tentar definir o jogo duro que seria na segunda etapa, mesmo com os desfalques do Rosário (como também vem desfalcado o Palmeiras de Marcelo Oliveira sem Barrios, Edu Dracena, Gabriel, Cleiton Xavier, organização defensiva, bola trabalhada, cobertura das laterais, troca de bolas, marcação adiantada nos dois tempos, equilíbrio, e muitas outras coisas que são responsabilidade tanto do treinador quanto dos jogadores).
Foi 1 a 0 no primeiro tempo, gol chorado de Cristaldo. Gol de Libertadores. Gol de sorte. Gol de raça. Poderia ter sido dois, por um lance de gol muito mal anulado por impedimento. E foi a melhor atuação do Palmeiras em 2016. Quando é jogo grande, esse time responde. Ou respondeu por 45 minutos.
Veio a segunda etapa. Parecia que 11 sócios-torcedores tinham entrado em campo. A posse de bola do Rosário foi de 93%, com 7% para Fernando Prass. Quatro grandes defesas, e mais um pênalti do servo de Deus Fernando. Mais uma penca de chances perdidas pelo Rosário contra um Palmeiras ainda mais perdido.
Até que Allione aproveitou rara chegada palmeirense para fazer também todo torto um dos placares mais absurdos da história. Tão inesperado quanto um clube que vence o líder do campeonato argentino e, mesmo assim, com razão, e muita emoção, discute a permanência do treinador.
O Palmeiras conseguiu fazer o seu melhor tempo na temporada e o pior no ano na temporada.
É muito Palmeiras. É todo o futebol.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.