Zico, 45 anos do primeiro gol no Maracanã
142.893 foram ao Maracanã ver o Botafogo de Jairzinho abrir a contagem contra o Flamengo, pelo Estadual. Paulo César Caju fechou o placar. 2 a 0. Dois campeões mundiais pelo Brasil um ano antes definiram o clássico contra o Rubro-negro sem nenhum tri, dirigido por Yustrich em seus últimos jogos na Gávea. Não era um grande Flamengo. Tinha Reyes na zaga. Zanata no meio. Buião na ponta. Fio que seria Maravilha no ano seguinte. Mas o time não era grande coisa.
Na preliminar, pelo tormeio de juvenis, nem todos os 142 mil viram o jogo equilibrado. Tuca Ferretti, hoje treinador de sucesso no México, abriu o placar para o Botafogo. Na segunda etapa, pênalti para o Flamengo de Cantarelli, Jaime, Vanderlei (Luxemburgo), e o futuro Deus da Raça Rondinelli (sete anos antes do gol de cabeça em Leão e no Vasco, na decisão do RJ-78).
Na cobrança, o magrelo franzino que ganhara na despedida de Carlinhos as chuteiras do Violino. O irmão mais novo de Antunes e Eduzinho.
O camisa 10 que bateu o pênalti, tirou China do lance, e fez o primeiro gol dele no Maracanã.
Gol de Arthur. O primeiro de Zico no Mário Filho. O primeiro do maior artilheiro do Maracanã. Do maior jogador e ídolo da maior torcida do Brasil.
Fora a família, quem lembra?
Paulo Sérgio de Souza é quem recorda. E ilustra e conta esse e mais de 50 gols do Galinho em livro que sairá em breve. ZICO 334 – O REI DO MARACA. 1971-1989. Ilustrado em homenagem a William Guimarães, pioneiro que desenhava gols no ESPORTE ILUSTRADO, ÚLTIMA HORA e outros veículos cariocas; O livro conta com textos de Mauro Cézar Pereira, Renato Zanata e este que vos tecla.
Esse é o primeiro gol de Zico, pelos juvenis (hoje juniores). Ele só estrearia entre os marmanjos meses depois, já sob a direção de Fleitas Solich. Vitória contra o Vasco por 2 a 1, em 29 de julho. O primeiro gol ele marcaria contra o Bahia, na Fonte Nova, no empate por 1 a 1, em 11 de agosto de 1971, aos 18 anos.
MAS E O PRIMEIRO GOL DO MAIOR ARTILHEIRO DO MARACANÃ COMO PROFISSIONAL?
Para um artilheiro e gênio como ele, deve ter sido na primeira partida. Ou nas primeiras.
Pois é…. E absurdamente diziam que só jogava no Maracanã… Pfff! Além de injusto para um dos maiores de todos os tempos, não era bem assim. Aliás, não foi nada disso.
Em 1971, com um elenco modesto, Zico fez 10 partidas no Maracanã. Passou em branco.
Em 1972, atuando pelo Seleção Olímpica e com uma lesão, além da concorrência de Paulo César Caju, só jogou duas vezes no Maracanã. Nenhum gol em 12 jogos em duas temporadas.
Em 1973, mais 9 jogos do maior do Flamengo no maior do mundo.
Ao todo seriam 21 jogos sem marcar até 23 de setembro de 1973. O maior jejum dele no estádio. Clássico contra o Vasco. Empate por 2 a 2. Primeiro gol dele. Abriu o placar de pênalti na partida válida pelo BR-73.
O segundo gol no estádio foi no jogo seguinte. 4 a 1 contra o Náutico, que teve expulso Jorge Mendonça (com quem disputou posição na Copa-78). Outro gol de pênalti.
O terceiro gol seria em novembro, contra o América mineiro, no empate por 1 a 1. Terceiro gol de pênalti.
Gol de bola rolando seria apenas o quarto. O da vitória contra o Botafogo, em 9 de dezembro de 1973, aos 27 minutos de um clássico fraco tecnicamente, segundo o JORNAL DO BRASIL do dia seguinte. Tuca estava em campo pelo Botafogo, como acontecera dois anos e meio antes. Mas, naquele domingo, só Zico marcou. Como marcaria em todos os domingos de Maracanã.
O maior artilheiro do Maracanã levou 21 jogos para marcar pela primeira vez no estádio que é tanto dele quanto de Mario Filho. E só o quarto gol dele não foi de pênalti. Ele aproveitou cruzamento de Rogério para fazer o único gol do clássico, depois de falha do zagueiro Nilson Andrade, batendo sem chance para o goleiro Cao, coroando a atuação dele como melhor em campo "no pior jogo do ano" no Maracanã, nas palavras do jornalista Oldemário Touguinhó.
Só marcar depois de 21 jogos no Maracanã é outra prova da resiliência, persistência, categoria e vontade do Galinho de Quintino. Ele sempre acreditou. E serve para todos acreditarem, quem sabe, que alguém ainda possa virar o impossível: virar um Zico.
Feliz quem torceu por ele. E até quem sofreu muito com ele.
Mais feliz aqueles 142 mil que talvez nem tenham visto o primeiro gol dele no Maracanã. Mais ainda os que celebraram os 334 (o autor achou mais um!) que Zico marcou no estádio que era então o maior do mundo.
O Maracanã encolheu. Mas aquele menino mirrado só cresceu nos últimos 45 anos.
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