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Blog do Mauro Beting

Lugar de torcedor é onde ele quiser

Mauro Beting

08/04/2016 13h51

Porta do vestiário do Borussia em Dortmund indicando o caminho para o ex-treinador se dirigir ao vestiário do LIverpool

Se eu fosse torcedor da Lusa, além do orgulho de torcer por uma bandeira acima de tantas infelicidades e de tantas baixezas dentro e fora do Canindé, eu não gostaria de ver meu volante Renan torcendo na arquibancada do Morumbi pelo São Paulo, na Libertadores, como o UOL mostrou esta semana.

 

 

Eu não gostaria de ver. Mas eu adoraria que no meu time tivesse um Renan que atuasse pelo São Paulo e fosse ao Canindé ver jogos da Lusa na série A-2.

 

 

Ainda mais conhecendo Renan. Profissional sério e dedicado como muitos. E raro ao assumir a paixão de berço que tem pelo clube onde iniciou a carreira. Felicidade ainda maior por ser torcedor de infância do São Paulo onde ganhou a América em 2005.

 

 

 

O que ele fez é cada vez mais raro – ou conhecido publicamente. Mas ainda tem profissional com alma amadora que vai ao estádio para ver o time do coração. Ou torce freneticamente por ele no sofá da sala.

 

 

 

Já teve muita gente antes, quando se respeitava mais a outra cor, o adversário, a educação, o contrário, que ia sem dificuldade ou problema a um estádio.

 

 

 

São outros tempos. E, nestes campos,  ninguém tem mais tempo para nada. Muito menos respeito.

 

 

 

É essencial que o profissional do jogo não perca a torcida – e nem se perca por ela. Só entende a loucura que é o jogo quem também é louco.

 

 

Mais importante ainda é compreender quem é apaixonado. Sem hipocrisia. Afinal, não são 11 torcedores da Lusa os que vestem o manto rubro-verde (pelo que não se vê nos últimos anos, parece que todos torcem contra…). Não são 11 rubro-negros que atuam pelo Flamengo. É profissional. Mas quando se joga onde se ama ou onde se cresceu, como o Barcelona de Guardiola, ou o Flamengo de 81-82 de Zico, fica tudo ainda maior e melhor.

 

 

Toda a solidariedade a Renan e a outros que torcem – e não distorcem. Renan que acabou afastado do elenco da Portuguesa por ter torcido no Morumbi. 

 

 

Por mais Renans. E por um cara único como Jurgen Klopp.

 

 

Treinador amado pela adorável torcida do Borussia Dortmund. Onde trabalhou por sete anos, reconstruiu o time, e fará o mesmo pelo Liverpool – que ontem foi enfrentar e visitar o BVB no Signal Iduna Park, na Alemanha.

 

 

Klopp que chegou aos vestiários em Dortmund e foi recebido com a placa na frente do vestiário do Borussia, indicando que o vestiário era outro.

 

Não só um ótimo humor. Um enorme respeito do clube pelo treinador, e vice-versa. Representado também na celebração de gol do time inglês pelo clube que hoje contrata Klopp. 

 

 

Dá para ser torcedor e ser profissional. O que nunca pode é ser torcedor profissional.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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