Somos hexa. Hexapolares. Brasil 6 x 0 Honduras

Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito vexame, com muito amor, com muito ódio 

Colunistas do UOL

Não somos bipolares. Somos hexapolares. Mudamos de pensamento (ou de falta dele) a cada lateral mal batido.

Mas exageramos demais nas críticas ao começo de fato ruim da campanha olímpica. Não tínhamos de jogar a bola, as camisas de Neymar, os uniformes amarelos, as cachirolas, os fulecos, os vinicius, os zémanés, zés da medalhas, joões e pachecos no balde marrom de lixo. Há como reciclar pensamentos, ainda bem. Só não dá para colorir os baldes com o adubo que produzimos em PDF de adobe por acharmos um FDP ou mais a cada derrota.

Não fomos nada bem nos dois primeiros jogos. Melhoramos no terceiro, fomos ainda melhor no quarto, e metemos 6 a 0 numa semifinal olímpica.

Ah, mas era Honduras… E já era com 14 segundos, na saída errada do veterano Wilson Palacios, e no felicíssimo bote de Neymar, na inteligência e na garra.

Ah, mas é jogo no Maracanã… Pois é. Em 1950 também foi… Em 2014 nem conseguimos chegar ao Rio… Em 2016, virou três, acabou seis contra os hondurenhos. Com movimentação, troca de bola, e muita seriedade. Sem festa, apenas alegria.

Ah, mas não pegamos ninguém… De fato, nenhum bicho-bolão. Mas em 2012, em Londres, quem era realmente melhor que isso que enfrentamos, e que agora vamos enfrentar?

Ah, mas não vamos devolver os 7 a 1! Claro que não. Aquilo só em semifinal de Copa em Berlim. E pelo mesmo placar. E marcando quatro gols em 6min40s nos alemães.

Ah, mas não é revanche! E quem diz que precisa ser um Brasil x Alemanha valendo medalha de ouro?

Ah, mas o Micale continua sendo inexperiente… Claro que sim, tanto quanto o ótimo trabalho que fez é fato, independente do lugar no pódio.

Ah, mas só estamos na final por ser a Olimpíada no Brasil… Teve muita pressão no início, teve bastante torcida depois, e só se fosse na Alemanha a final o fator casa teria peso contrário.

Ah, mas ganhar de 6 a 0 de Honduras não conta… Insisto: conta demais. É time chatinho que entrou em parafuso com um erro aos 14 segundos, e espaços dados pela saída ao ataque, muito bem aproveitada pela Seleção.

Ah, mas falta comprometimento…

Ah, então, por favor: cante "o campeão voltou" para zicar o time, "eu acredito" (se não for atleticano) para acabar de enterrar as chances, e vaie criancinha com bandeira da Argentina.

Você que acha que falta comprometimento – ou que agora vê um Brasil de 1970 sub-23 – não é hexapolar. É apenas penta.