O alguém mais do vôlei tri olímpico
Nosso amigo Daniel Barud.
O sonho dele era ser o que foi aqui no blog e em outros espaços. Jornalista esportivo. Esportivo mesmo. Manjava muito de futebol. E também de outros esportes. Sobretudo o vôlei que acompanhou dentro da quadra, na arquibancada, e pela TV. A fibrose cística que o levaria mais cedo não o deixou ser atleta. Mas deixou a quem o conheceu uma vontade de ser qualquer coisa.
Ou melhor: ser igual o Daniel.
Ele sabia que o jogo da vida era dificílimo como a semifinal contra a Rússia. Como a doença que o venceu em junho, o Brasil tinha poucas chances. Mas mestres como Júlia e Estanislau, os Bernardinhos do Daniel, são de ouro. Duas vezes ouro, duas de prata – que não dá para ganhar sempre. Mais dois bronzes femininos, e a primeira prata levantando a bola, em 1984. Como o Daniel sempre ergueu moral e sempre colocou as coisas certas, Bernardinho e os pais erguem catedrais.
Barud não pôde viver como Escadinha. Nasceu aliás apenas dois anos antes do primeiro ouro do Serginho, esse menino gigante de quatro Olimpíadas e 40 anos. Mas ele se defendeu e nos defendeu, e ainda dando e se doando com os passes precisos e perfeitos como só quem tem a garra e a gana de Escadinha para ganhar todas. Agarrando chances. Lutando por pontos que todos já entregavam ou já achavam perdidos. Menos Serginho. Aquele que além de jogar por todos e pra todos, ainda chamou o grupo para tirar o Brasil daquela UTI contra a França. E eles jogaram também por ele. Como a família e os amigos se uniram pelo Barud.
Daniel é Bruno levantador. Filho do homem, herdeiro de gênios, e que carrega sobre os ombros cargas que não merece. E as descarregou com garra. E armou com naturalidade. Superando-se. Como Daniel sempre foi além das limitações.
Daniel é Lucarelli, outro que joga muito, e que precisou superar dores para atuar como um amador. Aquele que ama. E supera a dor da lesão nas quartas. Jogando por prazer.
Daniel é Lipe. Estava no cantinho dele até ser chamado, devastar nos saques, e levantar o Maracanãzinho com a potência do cara que assume a bronca.
Daniel é Lucão e também Maurício Souza. Podem atacar que eles vão bloquear. Vão subir antes, vão encher a mão antes, e vão honrar os gritos de Romulo Mendonça. "Ali, não, suas lambisgóias".
Daniel é Éder. Evandro. William. Mauricio Borges. Douglas Souza. Campeões.
Daniel é Wallace. Estava bloqueado? Ponto! Estava difícil? Wallace. Estava perdido? Wallace. Estava fácil. Wallace! E mais alguma situação? Wallace!
E tchau, Rússia. E ciao, Itália. Favoritas despencadas e depenadas em dois 3 a 0.
Para a festa que eu não esperava no vôlei. Para as vitórias que não eram prováveis. Tudo aquilo que eu deveria ter aprendido com o Daniel. Tudo é mais possível quando se sabe. E quando se quer até sem saber como.
O sonho dele era ver o sonho que foi realizado por esses caras.
O sonho que, agora, eu sei como eles conquistaram. Com aquilo que os atletas têm, e poucos, na história de qualquer esporte, conseguem extrair como Bernardinho. Com aquele tal do "algo mais" de cada um.
No caso, com o "alguém mais " que não pudemos ver na quadra. Mas sei que ele estava lá no Maracanãzinho.
Você é campeão, Daniel.
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