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Blog do Mauro Beting

O loucutor Silvio Luiz

Mauro Beting

29/08/2016 21h44

Eu nunca vou deixar de ouvir Silvio Luiz. Não posso não consigo não quero não dá não tem igual.

Desde hoje, quem está comigo no videogame PES desde a edição de 2011 vai ouvir um outro craque na narração. Milton Leite. Que beleza! E que fase brilhante há anos. Outro querido colega que é amigo e parceiro como Silvio. 

Silvio que deixa o videogame da Konami. Mas não se cala jamais. É inesquecível. Como são esses 38 anos em que acompanho Silvio Luiz. Colega e amigo de Rádio Bandeirantes, Band e Bandsports há 17 anos. Companheiro de Pro Evolution Soccer desde 2010. 

Um gênio. Vocês todos sabem. Um amigo querido e generoso comigo e família. Saibam.
Um cara que teve operação complicada que o fez ficar quase um mês sem conseguir falar, em 2000. Imaginem Silvio Luiz abrindo a boca e nada saindo. Imagine você nessa situação.
Eu vi o Silvio assim. Eu, como todos, não o ouvi naquele período. Eu, como quase todos, imaginávamos que não daria mais para ele fazer na TV o que só ele viu. Falou. Criou. Bolou. Encantou.
Eu tive o privilégio de fazer na cabine de off da Band algumas "transmissões" na longa recuperação. Jogos que não iam ao ar. Como mal saía pelos ares a voz forte, marcante, inteligente e instigante dele. Era um fiapo. Nem um sopro. Muito menos de esperança.
Silvio batalhando para narrar. Ou fazer aquilo que só ele faz. Algo diferente de todos. Inimitável. E a voz não saía. O gol, então, que nunca é "gol" para esta lenda "legendadora de imagens", mal dava para entender.
Não ""foi-foi-foi-foi-foi ele", torcida brasileira. Não era o Silvio Luiz ali ao meu lado. Era alguém tentando copiá-lo como se fosse o Carioca do Pânico, o mais perfeito imitador (como também é de tantos outros).
Mas eu não sabia de nada. Ali era o verdadeiro Silvio Luiz. O cara que realmente fez tudo em televisão no Brasil. O cara que não inaugurou a Tupi. Mas tem idade e capacidade para ter inventado as ondas eletromagnéticas.
Tenho amigos de quem ele não gosta. Tenho amigos que não gostam dele. Eu, graças a Deus, tenho esses amigos que mostram que ninguém é perfeito. Especialmente aqueles que brincam com nossos problemas e limitações.
Silvio é um deles. Sabe que essa vida é uma zona. Brinca com ela a sério. Às vezes briga demais com a vida.
Mas o que fica é o que é eterno. É tudo que ele já fez no gramado, como repórter de campo. Lá dentro, como árbitro. Aqui fora, na cabine, como locutor. 

Ou loucutor.

O cara que atende celular na transmissão. O cara que chega para mim e fala para eu narrar o jogo que ele nunca vira aqueles times jogando na vida. O cara que fica descalço no meu programa e acaba com ele, literalmente, deitado de bruços. O cara que tem tanta história que parece brincadeira.

E é.

O monstro que por seis anos invadiu os lares batendo bola com o PES. O sub-100 mais jovem que já conheci. Que honra e que alegria estar sempre com você. Todo o prazer que agora também tenho em enfim trabalhar com o Milton Leite sigo tendo em ser fã de um amigo querido. 

O que vou contar para os meus filhinhos é o que eles já sabem. É você, o craque da narração de tudo. 

O loucutor. 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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