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Blog do Mauro Beting

Corinthians se defende sem desarmar. Apenas se posicionando e se antecipando. 

Mauro Beting

26/06/2017 14h33

O Corinthians não desarma. Ele se antecipa, ele intercepta. Ou melhor: ele se posiciona. 
O Timão tem sido o melhor time do campeonato. Disparado. Muito organizado defensivamente. Mas não apenas isso. Quando tem a bola, tem sabido o que fazer com ela mais do que o esperado. Trabalha bem. Aproxima os atletas. Joga apoiado. Ajuda e se ajuda. 

Mas o melhor dele é o jogo coordenado defensivamente. Vem de Mano a partir de 2008 e até agosto de 2010. Passa por Tite do final de 2010 até dezembro de 2013. Um 2014 discreto com o próprio Mano. Um enorme 2015 com Tite até mais uma troca por conta da CBF, em junho de 2016. E voltou com tudo com Carille, em janeiro de 2017. Ex-auxiliar de Mano a partir de 2009, e por todo esse período. 

Carille em pouco tempo armou duas linhas muito próximas de quatro na marcação sem a bola. Com dois atacantes ajudando no combate ao rival. Todos muito próximos e compactos. Sem dar espaços entre essas linhas. Com invejável disposição tática e física de todos. Como se fossem 11 Romeros marcando, 11 Jadsons armando, e 11 Jôs em clássicos finalizando. 
Mas impressiona mesmo é a organização sem a bola. O trabalho para recuperá-la. Ou defender a meta. Ainda mais se comparado ao despedaçado e bagunçado Corinthians que, no BR-16, teve Tite, Cristóvão, Carille e Oswaldo. Um time que, ainda assim, teve o quarto melhor índice de desarmes do campeonato – 19 em média por partida, segundo o Footstats. Acredite: um desarme a mais que o líder de 2017, que hoje tem apenas o 12º desempenho em 20 clubes…
Qual o segredo da eficiência? A capacidade de concentração que leva ao bote correto. À interceptação precisa. Nisso o Corinthians é líder, com 6 por partida. Repetindo o retrospecto do campeão de 2016. O Palmeiras de Cuca tinha as mesmas seis bolas recuperadas por jogo. Muitas delas à frente. Com todo o time. Pela capacidade de concentração. A tal "intensidade" tantas vezes falada, nem sempre vista. 

Embora com filosofias distintas, Carille e Cuca mostram que defender não é só desarmar. Também é ocupar espaços. Maior mérito do Timão de 2017. Time que é 14º apenas em faltas cometidas. 
Uma equipe que comete poucas faltas e não desarma tanto. Mas sabe como se antecipar e se precaver. 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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