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Blog do Mauro Beting

Cinco anos que começaram naquela defesa do Cássio

Mauro Beting

04/07/2017 13h35

A defesa da história do Corinthians. 23 de maio de 2012. Filmagem de JOÃO ALBERTO SOUZA

Diego Souza tomou a bolada de Alessandro e partiu com a sobra desde o meio-campo rumo à meta de Cássio. 
Faz pouco mais de cinco anos o lance. Foi em 23 de maio de 2012. Parece que durou de 1960 até hoje. Quando a Libertadores foi criada, o Corinthians não sabia o que era ser Corinthians desde 1954. Quando o Corinthians enfim disputou a competição, naquele mesmo 1977 voltaria a ser Corinthians. Como desde 1990 foi muito além de ser Corinthians Paulista. Foi Brasileiro com Neto. Foi da Copa do Brasil em 1995 com Marcelinho Carioca. Foi do mundo com Dida em 2000. Foi da América em 2012 com a romaria de Romarinho na Bombonera, e há exatos cinco anos com o Sheik do Pacaembu. 

Foi Corinthians.  
Foi, Corinthians. 

Seria Mundial com a Muralha do Japão Cássio no final daquele 2012. 

Mas só foi tudo isso porque naqueles sete segundos de Pacaembu do jogo do Vasco, pelas quartas, antes do gol de cabeça de Paulinho com Tite entre os fiéis, os mais longos sete segundos corintianos foram sobrevividos.
Desde que a bola explodiu nas pernas do vascaíno até Diego Souza bater no canto esquerdo milagrosamente defendido por Cássio, o calvário corintiano não tem palavras. Talvez os sete segundos mais emocionantes desde a falta do Zé Maria, a casquinha do Basílio, a bolada do Vaguinho no travessão, a cabeçada de Wladimir, o pé de anjo de Basílio em 13 de outubro de 1977. 

Quando Diego Souza avançou sozinho com a bola em lance inimaginável para time tão bem bem disposto e postado. Quando todos os filmes passaram pelos olhos e pelas almas alvinegras: 

De novo não! Guinei, não! Alexandre Lopes, não! Marcos, não! Duplamente não! Roger! River! Love! Tolima!?

Diego Souza foi campo adentro. Sete segundos que pareciam 52 anos. 

Alguns disseram que o Homem não conseguiria pisar na lua. Quando pisou no satélite, acharam que era coisa de cinema. Muitos disseram que o Corinthians não faria a América. Que a Libertadores prenderia o coração corintiano para sempre. Mas o longa metragem que começou dia 4 e terminou em 5 de julho, trinta anos depois do Sarriá, sorriu para o corintiano. Quando Alessandro levantou o caneco, parecia coisa de cinema.
O mesmo Alessandro que, pelas mãos de Cássio, não foi listado com outros indexados por erros do mesmo nível. Ou potencial. 

 

E não foi mais cinema-catástrofe ou comédia-bufa. Foi obra de realismo fantástico para os fiéis de filmes em preto e branco não mais mudos – no máximo roucos. Um bando de loucos roucos pelo Brasil e pela América enfim corintiana. Foi um filme de terror para infiéis multicoloridos. Os que não creem. Os que não sabem. Por vezes, nunca souberam.

 

 

Sócrates morreu no dia do penta brasileiro, em 2011. Na noite da conquista da América, ele reviveu no calcanhar de Danilo para o gol de Emerson Sheik, o artilheiro dos jogos decisivos da Libertadores. Quando eram 23h13, o sonho marcou hora com a história. 

 

 

Há cinco anos. Ou melhor: desde que Cássio fez a maior defesa da história do Corinthians. 

Tudo que se passou depois começou ali. Palavra da parte que foi desviada para escanteio. Na imagem que o torcedor captou e que se vê não apenas iluminada pelo holofote do Pacaembu. Mas que parece protegida como se fosse uma grade. Uma muralha. 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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