Como a Croácia supera os tempos extras
Luka tinha seis anos quando a guerra bateu na porta da casa dele em Krusevo, cidade com duzentos habitantes, em 1991. O pai mecânico de aviões foi para o exército lutar pela independência da Croácia. O avô foi executado por rebeldes sérvios logo depois. A casa da família foi incendiada.
A mãe, Luka e os irmãos menores se refugiaram em um hotel em Zadar. Passavam os dias fugindo de granadas e bombas. Luka fugia do barulho jogando bola no estacionamento do hotel. No segundo em que foi morar até o fim da guerra, o gerente do Iz repete o que disse o seu colega do Kokevare: Luka quebrou mais vidraças com as bolas que chutava do que as granadas que estilhaçaram a antiga Iugoslávia até o final do conflito, em 1995.
No segundo hotel ele também jogava bola pelos corredores, repetindo o que aprendia na escolinha de futebol que o tio pagava com o dinheiro que já não havia.
Quando a independência foi conquistada, a família tinha pouco como o país. Mas o que sobrava servia para pagar a escolinha de futebol que levaria Modric para o futebol até o Real Madrid para conquistar a Europa quatro vezes. No sonho domingo para tentar ganhar o mundo que todo dia ele via explodir no hotel onde não era hóspede, era refém.
Rakitic nasceu na Suíça refugiado da guerra. Mandzukic, na Alemanha. Lovren saiu cedo da Croácia. A família tentou morar na Alemanha e não conseguiu. Voltaram para uma casa que não era mais deles. Como tantos refugiados do mundo sem lar e nem respeito. O zagueiro Corluka viveu a infância sem casa driblando a guerra e coleguinhas jogando bolas em campos esburacados ou minados.
Esses meninos agora são a Croácia. Não é tão difícil entender como eles superaram três tempos extras na Copa.
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