Respeito e amor
O pai do belga Lukaku é congolês como o do francês Kimpembe. Mas não foi pela origem sofrida desses filhos da mãe África que esses dois vencedores na bola e na vida se uniram no final da epopeia diabólica e vermelha no Parque dos Príncipes.
Foi pela dor do braço que levou bolada que virou pênalti discutível que derrubou Kimpembe que fez o vitorioso Lukaku o abraçar no consolo do maior vencedor. O que entende a dor. O que conforta e respeita quem perde.
Não é mostrando os ovos, os dedos das mãos, o do meio, o escudo do clube, a orelha pras vaias, o indicador nos lábios pedindo silêncio.
Lukaku apenas pede respeito. Mostra compaixão. Ele que mal sabe o que é isso pelo que apanha. Quando faz os muitos gols que marca ele é o "artilheiro belga". Quando perde os gols que desperdiça ele é o "jogador de origem congolesa". Leia maravilhoso texto dele no PLAYERS' TRIBUNE a respeito sobre a falta de respeito pessoal, profissional, étnico, cultural.
Não só Lukaku precisa ser ainda mais do muito que é. Muitos são destratados assim. Desidratados.
Mas poucos são os vencedores em noite mágica, milagrosa e Manchester que ainda conseguem ser enormes como ele foi.
Não é o futebol que vence mais uma vez. É o respeito que goleia. "Pessoas de bem" não são as que dizem amar mais que as outras, acima de tudo, e acima de todos. Pessoas de bem são as que respeitam todas. Abaixo e acima de tudo.
Não é preciso amar e nem pedir amor que não se ensina. Mas é preciso ensinar respeito que se aprende.
Amar é fácil. Como amar o futebol e o nosso time. Respeitar é mais complexo. Porque é preciso compreender outros credos e cores.
Precisamos nesse mundo mais respeito como o de Lukaku do que o amor pelo jogo.
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