Um cantinho e um bolão. Brasil 3 x 1 Peru. Penta em casa.
Juazeiro, ali no Velho Chico, na Bahia, é a Terra das Carrancas. As esculturas que adornam as proas de embarcações, entre outras coisas, para espantar maus espíritos. As coisas ruins. E os coisos péssimos.
Terra de Luís Pereira, dos maiores e mais diferentes zagueiros do mundo. De Ivete Sangalo, da "Festa" que embalou o penta, em 2002.
Cantinho de onde veio um cantor e um violão de uma cidade e de um país que sabem jogar bola e fazer música. Mas que têm sabido bem menos com o apagar da velha chama de João Gilberto, com a nova bola que falha na grama.
O mundo perdeu no sábado o bardo baiano da voz pequena e do talento mundial. A América foi reconquistada no domingo seguinte no Maracanã com outro conterrâneo que já ganhou quase tudo em 40 canecos pelos campos. Depois dos justos 3 a 1 no Rio contra o Peru, o capitão que é mesmo um "oásis no sertão" baiano levantou o troféu Fair Play para a Seleção – merecidamente, mesmo com a injusta expulsão no final de Gabriel Jesus (de futebol recuperado pelo Brasil). Depois o capitão brasileiro que não pôde jogar e nem usar a tarja na Rússia em 2018 levantou ainda mais merecidamente o troféu como craque de uma pálida Copa América – não por culpa dele. Até, enfim, voltar ao pódio cheio de potestades levantar o pentacampeonato brasileiro como mandante de Copa América.
Em 1919 e 1922 nas Laranjeiras. Em 1949, em São Januário. Em 1989 e 2019, Maracanã.
Tudo no Rio que perdeu João Gilberto sob o Redentor. Mas que ganhou bonito mesmo sem precisar jogar lindo mais uma feia Copa América.
De novo fazendo um belo gol quando o Peru mais jogava e não deixava jogar, com Daniel Alves achando Gabriel Jesus pela direita para fazer belo lance e cruzar para Cebolinha marcar bonito e começar a ganhar como Man of the Match na final. Depois a má arbitragem inventou um pênalti num lance que a regra agora CLARAMENTE determina que não houve mão na bola (isto é, falta) de Thiago Silva, o que deu no terceiro gol de Guerrero no torneio – o primeiro sofrido pelo Brasil na competição. Gol que não fez o Brasil sofrer porque logo em seguida Firmino fez um desarme espetacular (daqueles carrinhos que o juazeirense Luís Pereira aprendeu a fazer na Espanha, nos anos 70), e serviu Arthur que enfim foi pra área dar a Jesus para desempatar um jogo que não foi grande coisa.
Como todo o torneio.
Na segunda etapa, Gabriel foi absurdamente expulso. Extrapolou na reclamação. Mas isso não tiraria o brilho da festa que chegaria com outro pênalti que eu não marcaria. Ainda mais consultando novamente o VAR que hibernou contra a Argentina.
Pênalti bem executado por esse Richarlison que não sente pesada a camisa que é do tamanho do Brasil. Da América que fica mais pobre com o futebol que não tem sido rico – a não ser pelo tíquete médio que se pagou no Maracanã. Do continente que perde um gênio de Juazeiro na véspera da assunção do campeão de Juazeiro.
O Brasil já cantou e já jogou mais bola.
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