Uma vez Flamengo, duas vezes Flamengo 2 x 1 River Plate

Depois de ótimos e mesmo melhores 88 minutos do River, hoje seria injusto o Flamengo dos últimos meses se perder como não se achou até o empate em Lima.
Mas pelos 8 minutos entre o primeiro gol de Gabriel e o apito final, aos 51min17s, o Flamengo foi o time que eu imaginava.
Mas nem em sonho poderia imaginar que, depois de exatos 38 anos, nesta mesma data, em 3min08s o Flamengo faria de uma derrota até então dolorida e justa uma das mais espetaculares viradas do futebol mundial. Sul-americano. Peruano. Brasileiro. Fluminense. Carioca.
Do Maracanã. Da Gávea. Da festa nas flavelas. De festa no maior número de casas no país. De raiva na maior turma do arco-íris do Brasil.
Ou melhor: de cada canto desse mundo que foi Flamengo em dezembro de 1981.
E que, em novembro de 2019, foi Flamengo como se fosse um filme.
Mas não de ficção. Que isso não se consegue criar.
O Flamengo foi algo que não consigo nomear. Ou que só o futebol consegue propiciar. O time que melhor joga não jogou tudo que sabe contra um baita rival. Mas futebol é muito mais do que isso.
E o Flamengo foi muito mais do que o futebol.
Quando a bola parou no intervalo, depois do gol de Borré, aos 13 (na trombada e indecisão entre Arão e Gerson), mais duas ótimas chegadas do River, e nada de ataque e nada do Flamengo que bem nos acostumou mal, a sensação rubro-negra foi de alívio. Poderia ter sido muito pior pelo que o campeão da América em 2018 jogou demais, pelo que o Flamengo assustado como quedas anteriores em Libertadores deixou de jogar.
Na segunda etapa, as equipes voltaram as mesmas. O time de Jorge Jesus buscou mais o ataque. Teve três chances num só lance. Mas o River era mais experiente. Entrosado. Copeiro. Melhor em campo e administrando com inteligência a vantagem merecida. Até Gallardo ir desmontando a equipe aos poucos: sacou Nacho, tirou Borré, e depois Casco. Apostou no jovem Álvarez, em um Pratto que errou tudo que fez, e não conseguiu com Díaz manter a defesa perfeita como estava.
Jorge Jesus perdeu Gerson lesionado e veio com Diego. Seria problema não tivesse tanta capacidade de decisão o 10. Mas era o River mais inteligente. Mais perigoso. Mais confiante até o excesso em que Pinola, que não perdia um lance na zaga, resolveu apoiar até uma bola se perder para a lateral. A autossuficiência millonaria parecia virar arrogância.
Mas não parecia que o placar mudaria. Porque até Filipe Luís errava passes tolos. Arrascaeta não achava o espaço pela esquerda. Bruno Henrique por dentro não tinha brecha diante da ótima atuação da zaga. Gabriel Barbosa pela direita errava quase tudo. Parecia não estar nem aí é muito menos em Lima.
Aos 40, Vitinho por Arão. Diego na cabeça da área. Quatro atacantes no meio. BH na frente. Um bumba-meu-urubu que parecia inerme.
Até que Pratto fez tudo errado. Foi desarmado por Arrascaeta que iniciou um contragolpe impensável para um time experiente a minutos do bicampeonato. Eram cinco rubro-negros contra seis portenhos. Pareciam milhões de Flamengos no Peru, no Brasil e na América.
Bruno Henrique mais uma vez achou Arrascaeta que deu a Gabriel o mais fácil de seus gols na Libertadores. Só ele sem Armani. Só ele e milhões para empurrar o empate que parecia impossível naquele momento e em quase toda decisão mais do que única. Especialíssima.
Só não era mais impossível aquele empate aos 43mi15s porque aos 46min23s, uma bola longa de Diego, com a 10 do Galo, deu no único erro de Pinola, que Gabriel Barbosa não perdoou.
Gol. Mais um de Gabigol. O segundo da virada absurda. Da derrota dolorida que o River havia sofrido para o Peñarol, em 1966, que virou o apelido "gallinas".
Até Gabriel empatar. Até Gabriel virar. O anjo do gol da boa nova. A velha história 38 anos depois.
Uma vez Flamengo, duas vezes Flamengo.
O rubro-negro normalmente não é fácil de aguentar para quem não é… Agora, depois da mais espetacular virada e vitória, melhor arrumar um lugar bem longe dele.
Como bem distante dos rivais está o Flamengo.
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