You'll Never Walk Alone, torcedor
Pouco depois de escrever um texto apoiando o direito do cidadão protestar como quiser sem golpear a instituição que se esmurra sozinha, e ainda ter de ler que "sou do mal" por não apoiar Jair Bolsonaro, o mais barulhento e lotado estádio do mundo se silenciou. O ótimo time do Borussia Dortmund vencia o acertado Mainz por 1 a 0.
O retumbante silêncio se devia à notícia informada pelo sistema de som do Signal Iduna Park, com seus 81.359 lugares todos vendidos pela décima vez na temporada. Um torcedor da Muralha Amarela havia sofrido um infarto durante o jogo que não estava tão difícil assim. Morreu torcendo pelo seu BVB. Não se sabe ainda se ele tinha alguma condição cardíaca. O que se sabe é que o coração dele só poderia parar naquele estádio ao lado de 81.358 irmãos de alma amarela.
O silêncio ensurdecedor só foi quebrado com o gol de Kagawa. O segundo do time do coração do torcedor que havia partido. Mas ainda assim foi uma celebração contida.
Só não deu para conter na cabine do Fox Sports ao lado do narrador Éder Reis quando, aos 42 minutos, como num réquiem, o torcedor do Dortmund entoou o hino não-oficial de 11 em casa 10 clubes europeus: YOU'LL NEVER WALK ALONE. Num andamento mais lento. E apenas o refrão. Tema do BVB. E também do Mainz.
VEJA: O canto do torcedor do Dortmund com a bola rolando e ao final da partida
Fim de jogo, atletas do clube e também do Mainz se voltaram à Muralha Amarela. Abraçados, ouviram emocionados outra rendição da canção como um toque final. Não fúnebre. Apenas saudade.
Outra versão mais lenta, mais pungente ainda.
Não sei o nome do torcedor. Mas sei que hoje, lá no céu, tem muita gente com inveja dele.
Quando for a hora, que seja assim. Quando deixar o mundo, que a partida seja um jogo do seu clube do coração que não o traiu. Apenas o homenageou como cada torcedor do Dortmund.
Bill Shankly tinha razão. O futebol é muito mais que isso.
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