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Blog do Mauro Beting

Em dia de festa do Divino, o gol tinha de ser de Dudu. O Dérbi dos diabos

Mauro Beting

03/04/2016 18h37

todopoderosotimao

O Divino Mestre Domingos da Guia foi Corinthians de 1944 a 1948. FOTO: TODOPODEROSO.COM.BR

 

 

 

alviverde.com.br

O Divino Ademir da Guia foi Palmeiras de 1961 a 1977. FOTO ALVIVERDE.COM.BR

 

 

Ademir da Guia faz 74 anos hoje. O Divino, o maior craque em 101 anos de Palmeiras. Filho do Divino Mestre Domingos, o maior zagueiro em 105 anos de Corinthians.

 

Quem melhor defendeu a meta alvinegra é pai de quem melhor jogou com a camisa alviverde.

 

O maior treinador da história dos dois clubes é o mesmo. Oswaldo Brandão.

 

O Palmeiras não vive sem o Corinthians e o Corinthians não vive sem o Palmeiras.

 

Mas em Guarulhos, no Braz, em São Miguel Paulista, muito longe do Pacaembu, "torcedores" dos dois clubes se pegaram a tapa, a soco, a tiros na manhã triste.

 

E quem não tinha nada a ver com a história levou um tiro no peito. No coração.

 

História do Dérbi que não tem a ver com morte. Assassinato.

 

Uma história divina de todos os Domingos do Corinthians, mesmo sendo único o que Da Guia. Uma história divina como Ademir de todos os Palmeiras.

 

O filho do Divino merecia um Dérbi tecnicamente melhor, e um clássico com a bandeira branca hasteada. Mas ele mereceu, na festa do Divino, um gol de Dudu. E com o "Leivinha Mode" ON, nas palavras do publicitário Atila Francucci.

 

 

Dudu e Ademir da Guia atuaram juntos de 1964 a 1976

 

Justo no aniversário de 74 anos. 1974. O ano em que mais reinou no Dérbi. Comandou a Segunda Academia na vitória contra o Corinthians no SP-74, no Morumbi. Ademir que encerraria a carreira perdendo um Dérbi em 1977, 25 dias antes de o Timão voltar a ser o campeão dos campeões com Basílio.

 

Ademir que só voltaria ao Morumbi depois daquele setembro de 1977 em 12 de junho de 1993. O Dia da Paixão Palmeirense. Com as mesmas meias brancas do Dérbi de abril de 2016

 

Dia em que já havia a violência que hoje desgraçou uma vida que nada tinha a ver com a briga entre "corintianos" e "palmeirenses".

 

Tarde em que o Palmeiras foi melhor no primeiro tempo, repetindo o 4-4-2 dos 3 a 0 no Rio Claro, com Alecsandro um pouco mais atrás. O Corinthians enfim pôde escalar todos os titulares, mas com Elias meia bomba. Na segunda etapa, o Palmeiras seguiu muito bem, e só não abriu o placar por Cássio ser o que é: enorme.

Mas Tite tem um time mais encorpado, entrosado, e perigoso – mesmo insistindo tanto com Guilherme numa função que ele não sabe fazer. Tanto que ganhou um pênalti infantil no único erro de Thiago Martins. Pênalti muito bem batido por Lucca, e ainda melhor defendido pelo servo de Deus Fernando Prass. O décimo dele pelo Verdão.

 

Na sequência, enquanto o palmeirense respirava aliviado, Dudu subiu do baixo do seu 1m67 e ganhou dos 5 quilômetros de Cássio (que mais uma vez saiu mal). O gol do chapéu que ele disse que tiraria e tirou o boné do meu colega de Jovem Pan e UOL Wanderley Nogueira. O gol que, desta vez, caiu do céu, em posição bastante discutível de impedimento, e acabou com o tabu de 19 anos sem vitórias verdes no Dérbi no Pacaembu.

 

Indiscutível é que o Palmeiras foi melhor e merecia ter a sorte que teve, e que pode mudar a história que parecia perdida na Libertadores (como tudo pareceu nublar na cobrança de Lucca). Indiscutível é que o Corinthians segue muito forte.

 

E o que o Palmeiras voltou a pensar, a trabalhar, a jogar, e a se superar como Palmeiras, correndo como Palmeiras, e quase ampliando com Gabriel Jesus impedido tirando uma bola que iria para fora de Dudu.

 

Grande vitória do time do filho do Divino contra a equipe do pai do Divino.

 

Como é de Deus a vida que algumas bestas do apocalipse e da porradaria insistem em não saber que, na bola da vida, alguém precisa perder para alguém vencer. Mas ninguém precisa tirar a vida de ninguém e a paz de todos.

 

 

 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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