O torcedor único do Leicester
Março de 2015. Inglaterra. Leicester só sabia perder. Foram três jogos naquele mês. Duas derrotas. Lanterna. Favorito absoluto ao rebaixamento. Time desenganado. Em pouco mais de quatro semanas a previsão era de que voltaria para a segunda divisão inglesa.
Março de 2015. Austrália. Tony Skeffington foi examinado pela enésima vez do câncer devastador. Diagnóstico. Ele teria no máximo mais quatro semanas de vida.
Ele superou o mês de morte. Como o time dele se superou e venceria sete dos últimos 10 jogos na temporada passada e sobreviveu na Premier League. Milagre. Duplo. Em Adelaide, animado pela recuperação do clube tão desenganado quanto ele, inspirado pela mulher, o outro amor da vida debilitada dele, Tony celebrou os milagres de maio. Esperando agosto começar e ele contar dias que já pareciam décadas. Imaginando o fim próximo do time do coração dele. Com Ranieri e praticamente o mesmo elenco, não haveria como. Para o time e para Tony.
Mas ele foi superando as primeiras jornadas, embalado pelas vitórias do Leicester no começo da temporada 2015-16. O outono não foi tão rigoroso. De repente até vai dar para curtir mais um Boxing Day. Com um presente ainda mais inesperado para ele e para outros torcedores do clube. Em vez de rebaixamento, a lembrancinha natalina foi a liderança da Liga.
A história de Tony chegou ao elenco. Jogadores e Ranieri mandaram lembranças para a Austrália. Tony quis mais jogo e mais vida. Queria ir ver um jogo dos Foxes. Mas não havia como.
Mas houve como ele superar o inverno e o inferno. Primavera e floresceu ainda mais o agora grande favorito Leicester.
Faltam só quatro semanas para o título em 2016. Eram só quatro semanas de vida há 13 meses para quem ama a mulher e o Leicester. A ordem dos fatores não altera o milagre.
Vai ter jogo do Leicester. O milagre segue vivo. Tony segue o jogo agora lá de cima. Celebrou o gol de Vardy no empate com o West Ham no domingo. Comentou com os filhos um pouco mais da partida dura com o fiapo de voz que restava. Partiu aos 51 anos antes do fim da partida.
90 minutos de barulho por ele.
Um minuto de silencio para os que matam o futebol com torcida única.
Única torcida é pra ver a mulher de Tony feliz em quatro rodadas como se ele estivesse aqui. Como ele esteve até o último jogo.
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