Santos 2 x 2 Palmeiras - 3 x 2 nos pênaltis
Ataques e contra-ataques. É do jogo. É da vida.
Na final do SP-15, na mesma Vila, o Santos também era favorito, também era mais time, e também tinha aberto 2 a 0 no placar. Mas o Palmeiras fez um gol no segundo tempo e levou a decisão aos pênaltis. Rafael Marques perdeu o dele. Vladimir, o reserva de Vanderlei, foi o nome, e o Santos foi campeão paulista pela 21a. vez. Desde 2006, são seis títulos estaduais. Dois vices. Só uma vez não foi nem vice – e o campeão foi o Palmeiras, em 2008. Números comparáveis a era pré e com Pelé: de 1955 a 1965 foram oito títulos, dois vices, e uma vez nem vice – e o campeão foi o Palmeiras, em 1963
Impressionante esse Santos que faz quase tudo isso e quase todos esses times em casa, buscando jovens pelo país, ou um E.T. de Três Corações.
Impressionante esse Palmeiras que foi, na semifinal de 2016, buscar em 74 segundos, a partir dos 42 finais, o que parecia mais que perdido. Rafael Marques "vilão" de 2015 fez um na falha dos zagueiros, e fez outro, de cabeça, no cruzamento de outro redivivo Cleiton Xavier. Quando as transmissões informavam onde seriam os jogos da decisão entre Audax e Santos, audaz foi o Palmeiras que mandou para a penalidade máxima o jornalismo que deve antecipar fatos, claro, mas não torcida. É tiro na orelha. É pedir para ser "eliminado" como cantava o torcedor santista, que estava na dele, e parecia mesmo tudo aquilo. Como o palmeirense sentiu em 1978, quando gritava o "está chegando a hora" na semifinal estadual, na prorrogação, e viu a hora do pesadelo chegar numa cabeçada de nuca do são-paulino Serginho Chulapa.
É a graça do futebol que desgraça frases feitas, vaticínios fechados, e elimina "vitórias definitivas". Matheus Salles que tanto jogou na decisão da Copa do Brasil contra Lucas Lima, desta vez perdeu a bola no campo de ataque quando o Palmeiras enfim jogava e, no belíssimo contragolpe armado por Lucas Lima, Gabriel fez outro golaço, de imensa categoria. No segundo tempo, quando as boas entradas de Cleiton Xavier e Rafael Marques davam mais peso ao Palmeiras, nova desatenção do ótimo volante daria em outro belo contragolpe, mais uma vez bem finalizado por Gabriel, que apareceu solto, desmarcado pelo próprio Matheus Salles.
Acontece. Como quase sempre dá o melhor time. Na Vila inexpugnável dos últimos tempos, o time mais ajustado e de melhor campanha foi melhor enquanto jogou para ser. Quando entrou na onda da torcida, levou o empate (embora pudesse ter definido antes o resultado com pelo menos dois lances polêmicos de pênaltis que poderiam ter sido marcados). Acusou o golpe no primeiro pênalti batido pelo próprio Lucas Lima, e muito bem defendido por Prass. O 10o. dele desde 2015. Mas. então, certas coisas também acontecem com gigantes, O goleiro palmeirense não acertou mais nenhum lado das cobranças muito bem executadas pelos santistas, Barrios e Rafael Marques fizeram o nome de Vanderlei, que foi muito bem. E o próprio Prass perdeu o último pênalti.
Deu Santos, nos pênaltis esperados. Mas com desfecho improvável pelos erros alviverdes e acertos alvinegros. Inesperado tanto quanto a reação histórica do Palmeiras no final do clássico que, há um mês, parecia mais uma vez tudo perdido para os palmeirenses. Equipe que vai se reencontrando em ótimo trabalho de Cuca, ainda que desfalcada de gente importante como Dudu, mas achando em Roger Guedes uma alternativa interessante a uma time que ainda alterna demais. Mas, por vezes, sabe-se lá como, esse Palmeiras liga uma corrente alternada que energiza sua torcida. Ainda que distante da Vila pelo absurdo institucional da intolerância das pessoas de má vontade e das autoridades sem autoridade.
Deu Santos, mais time que o Palmeiras, e que precisa jogar mais contra o ótimo Audax. Para seguir mandando no futebol paulista de modo impressionante. Com molecada abusada e talentosa que brota das areias como Vitor Bueno. E com esses garotos de muitos anos de vida e de bola ainda como Ricardo Oliveira e Renato.
A partida de várias voltas e reviravoltas foi vencida pelo Santos, como na decisão do SP-15. Mas, para derrotados como o Palmeiras, fica a sensação de que o futebol, mais uma vez, foi o enorme vitorioso na Vila. Pena que ceifada da paixão pela excrescência da torcida única.
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