A história de Atlético Mineiro x São Paulo em Libertadores
Todos os confrontos entre Atlético Mineiro x São Paulo em Libertadores
1972
Em 1972, Atlético Mineiro (campeão brasileiro de 1971) e o São Paulo (vice de 1971) disputaram a primeira Libertadores da história dos clubes. O regulamento de então previa que clubes do mesmo país se enfrentassem na fase de grupos.
Empataram por 2 a 2 no Mineirão. O São Paulo estava na frente, com gols de Terto e Toninho. Mas perdeu Teodoro com o tornozelo fraturado. E a vitória escapou nos gols de Dario e Vanderlei.
No jogo do returno do grupo, empate sem gols no Morumbi. Apenas um clube se classificava. E foi o Tricolor, em grupo complicado contra times paraguaios, em jogos que tiveram de tudo. Até o Galo ficando sem número de atletas suficientes na derrota no tapetão para o Olimpia.
O São Paulo foi até o triangular da semifinal e ficou atrás do Independiente, campeão em 1972. 1973. 1974 – contra o próprio Tricolor. E 1975 também.
1978
VEJA 1 x 1, Libertadores-78, no Mineirão
Em 1978, a mesma história, mas com o São Paulo como campeão nacional em 1977, e o Atlético vice nos doloridos pênaltis perdidos no Mineirão pelo único vice-campeão nacional invicto. Empate por 1 a 1 no primeiro jogo em BH. Dario Pereyra fez um gol de canhota parecido com o de Ganso, em 2016, contra o River Plate. O ponta Serginho (Galo) empatou depois de lance sensacional de Marcelo (hoje Oliveira), aproveitando rebote do travessão. Na volta do returno, vitória atleticana no Morumbi, por 2 a 1 (Mirandinha fez o gol paulista, Serginho e Paulo Isidoro, os mineiros). Chicão cabeceou uma bola no travessão que bateu dentro ou fora do gol que seria o do empate tricolor?
São Paulo foi terceiro no grupo, o Galo passou.
No triangular semifinal, o Boca foi o líder do grupo e acabou bicampeão da Libertadores.
Em 2013, quatro jogos. E que jogos.
Lembremos, com a republicação de meus textos escritos no calor dos jogos e das cabines de transmissão.
2013
ATLÉTICO MINEIRO 2 X 1 SÃO PAULO – Horto – Primeiro jogo da fase de grupos.
veja 2 x 1 Galo, fase de grupos, 2013
Ronaldinho Gaúcho foi beber água com Rogério Ceni e ganhou posição legal raramente aproveitada pelos atletas e deu o primeiro gol a Jô. No segundo tempo, quando o São Paulo enfim apareceu no Independência cada vez mais atleticano, Ronaldinho doou o segundo gol a Rever, que ganhou mais uma das tantas bolas que foram dele em BH. E não têm sido de Rhodolfo na zaga tricolor que sofreu com Bernard o jogo todo. E mais ainda com um Gaúcho que quis ser o protagonista da grande vitória.
Sofrida e suada além da conta com o gol discutível de Aloísio (eu não marcaria a falta em Júnior César), e dramática com o gol que Ganso quase fez no fim (ainda que quase não tenha entrado em campo mais uma vez).
O Galo mostrou a força impressionante de sua massa e de seu time bastante entrosado e mais qualificado em técnica e experiência. O Tricolor apresentou problemas defensivos além dos usuais. E uma saudade enorme de Lucas.
SÃO PAULO 2 X 0 ATLÉTICO MINEIRO – Morumbi – último jogo da fase de grupos.
veja 2 x 0 São Paulo, fase de grupos
Foi um dos gritos mais engasgados no gogó tricolor nos últimos tempos. Quando o camisa 01 Rogério Ceni deslocou Victor e marcou de pênalti o gol 111 na carreira, aos 11 minutos do segundo tempo, a garganta são-paulina desentalou o Galo.
O urro no Morumbi foi de arrepiar. Como a celebração ajoelhada de Rogério. Como a comunhão tricolor para vencer o ainda melhor time da Libertadores. Ainda um Galo bom de bola e de briga. Que vai continuar como um dos maiores favoritos ao título. Mas que, agora, terá a companhia indesejada do tricampeão sul-americano na próxima fase. Em um mata-mata equilibrado como foi o clássico no Morumbi.
Jogo de apenas duas oportunidades no primeiro tempo. O são-paulino só celebrou nos 45 minutos iniciais o gol do Arsenal de Sarandi, aos 29. Gol na Argentina que facilitou a vida tricolor. "Bastava" um gol paulista. Como se fosse fácil vencer a defesa do ótimo Réver… Tarefa dificultada por um Atlético que também não criou muito. Apenas duas chances mineiras. Mas não concedeu oportunidade alguma ao São Paulo no primeiro tempo. Tricolor que viveu de Osvaldo até a metade do primeiro tempo, quando Serginho deixou de ser o meia pela direita no 4-2-3-1, e passou a marcar o ótimo atacante paulista, com Marcos Rocha adiantado no cerco a Carleto.
Os 50 mil presentes (muitos atleticanos) não celebraram o primeiro tempo mais marcado e nervoso que outra coisa. Mas, na volta para a segunda etapa, Ney Franco foi mais feliz. Trocou os lados de Osvaldo e Douglas. Colocou o atacante da Seleção para cima do já amarelado (e sempre enervado) Richarlyson, enquanto Cuca escalou o mano Alecsandro no comando de ataque, com Jô pela esquerda fazendo a função que Luan pouco realizou no primeiro tempo.
O São Paulo cresceu. E com Osvaldo fez belo lançamento para Aloísio dominar e ser derrubado por Leo Silva. Era para vermelho para o zagueiro atleticano. Foi só amarelo. Mas foi só Rogério chegar com a sua camisa azul celeste na grande área para o Morumbi soltar aquele gol engasgado. Aquele gol que a má campanha na primeira fase parecia fazer improvável. Aquele gol que a excelente campanha atleticana parecia impossível.
Mas era Rogério. Era São Paulo. Era Morumbi. Um a zero.
Não era mais o São Paulo que se complicou sozinho contra frágeis Arsenal e The Strongest. São Paulo que errou muito fora e dentro de campo. Com falhas esperadas de atletas fracos. Com erros inesperados de mitos como Ceni e Luís Fabiano.
Mas ainda era preciso ter fé para o são-paulino. E esperar o Galo que veio pra frente. Cuca foi abrindo a equipe. Aos 36, cinco minutos depois de entrar em campo, Ademilson recebeu belo passe de Osvaldo, que recebera passe preciso de Ganso.
Dois a zero para o tricampeão da Libertadores.
Dois a zero era goleada para o São Paulo pela excelência do rival. Mas não é nada por tudo que o Tricolor já fez em 1992. Em 1993. Em 2005.
E pode repetir em 2013 se a torcida encher o estádio e não a paciência dos que jogam. E pode ir além se o time também não apoquentar a torcida com partidas atrapalhadas ou sem brio.
O São Paulo voltou a jogar com vontade. Ainda não tão bem quanto possível. Mas já é possível ver algo que parecia perdido.
O Atlético perdeu um jogo que se pode perder. Não pode mais perder a tranquilidade e serenidade que teve em boa parte do jogo e na grande campanha inicial. Quando Ronaldinho Gaúcho não foi o fantasma que se transformou no segundo tempo. Quando alguns ectoplasmas podem atrapalhar a campanha mineira.
Por vezes, a história pesa demais contra.
Ou, no caso do vencedor, pesa muito.
Como pesou.
Como gritou.
Como o São Paulo voltou a ser o São Paulo que merece mais que respeito.
Nos últimos anos, independente do time que veste essa camisa, e este tem suas limitações sem Jadson e Luís Fabiano (como também fizeram falta Bernard e Diego Tardelli do lado atleticano), é camisa para virar expectativas e certezas.
Ainda vejo o Atlético com mais possibilidades de classificação e de título.
Mas é preciso escrever que tem mais um brasileiro nessa história.
E que história.
SÃO PAULO 1 X 2 ATLÉTICO MINEIRO – MORUMBI – Oitavas-de-final – jogo de ida.
veja 1 x 2 Galo, oitavas-de-final 2013
O São Paulo jogou mais nos primeiros 35 minutos que nos 90 da grande vitória anterior contra o melhor time da primeira fase da Libertadores. Fez um golaço com Jadson na noite em que Ganso foi o animal do Peixe pela primeira vez. Mas que, no final das contas, depois da entrada animalesca e teletubbie de Lúcio, o que era uma grande vitória são-paulina virou mais um jogo da afirmação do Galo. Contra tudo e todos e tapados.
O Tricolor teve seis chances e fez um gol. Ganso e Jadson trocaram de posições, a marcação mineira se perdeu. Mas Ney perdeu Aloísio. Ademilson perdeu todos os gols. O Galo se achou na expulsão de Lúcio.
É bom ter gente de qualidade e experiência como Cris e Lúcio na sua zaga para evitar faltas e cartões tolos. Pois é…
No primeiro buraco da zaga incompleta, Ronaldinho empatou, aos 41. Na brecha criada pela troca de bola paciente e inteligente do Atlético, Tardelli fez 2 a 1. Seria mais não fossem as saídas dele e de Bernard, em grande atuação. Em partida de notável movimentação dos três meias e de Jô. Em mais um grande jogo do enorme favorito à vaga.
O Atlético teve três chances entre o vermelho e o segundo gol. Fez o necessário. O Tricolor fez o melhor jogo no ano com 11, e não foi mal com dez. Ney montou o time no inusitado 4-1-4 quando ficou com dez. Wellington com Gaúcho, Denilson adiantado para pressionar a saída de bola rival. Mas a categoria e experiência dos jogadores atleticanos esfriaram até os mais quentes torcedores mineiros.
Com sabedoria e sem aquele pilha que por vezes desvirtua, o Atlético se refez. Enquanto Carleto dava bico pra lateral e exultava como se fosse gol de título, enquanto Tolói deu um bicão sozinho na área e concedeu o escanteio que daria no gol de empate, o Galo cozinhou o rival.
Se o São Paulo tem muito mais história na Libertadores, este Atlético parece pronto para fazer muito mais história continental em 2013.
ATLÉTICO MINEIRO 4 x 1 SÃO PAULO – HORTO – oitavas-de-final – jogo de volta.
veja Galo 4 x 1, oitavas-de-final 2013
Dez segundos de jogo. Segundos! Tardelli mandou por cima uma bola que o Atlético trabalha muito bem desde 2012: a ligação direta, o lançamento longo, o chutão para Jô preparar de cabeça para os ótimos armadores que vêm de trás, e vão pra todo lugar. É o próprio Diego a partir da direita, é Bernard vindo da esquerda, é Ronaldinho brilhando por dentro, pela direita, pela esquerda, em todos os lugares onde há um atleticano feliz. E como está feliz. Como está feliz esse time.
Aos dois minutos, Ronaldinho mandou uma bola no travessão. Teriam outras. E teria muito mais Galo na bola parada, na bola rolada, na bola bem pensada por um time que alarga o campo de ataque como nenhum outro. Não é só no arremesso lateral longo de Marcos Rocha. Não é só na ligação direta do time mais vertical e taticamente versátil. É na intensidade e qualidade e quantidade de jogo. Foram 13 oportunidades de gol contra apenas cinco concedidas ao rival. O 4 a 1 foi pouco.
O primeiro gol veio aos 17min38s. O segundo viria aos 18min30s. Parece relógio com hora e minuto e segundo marcado. Mas quem é que marca esse time? Parece uma máquina. E foi. Mais uma vez.
Um a zero, bela chapa de Jô. Dois a zero, mais uma contribuição de Edson Silva, que levantou o braço pedindo impedimento inexistente do artilheiro da noite. Ou estaria o zagueiro assumindo a culpa pelo fuzilamento entre as pernas de Rogério?
Não sei. O sistema defensivo tricolor parecia saber anda menos. Mais um minuto e 28 segundos depois, três a zero Galo. Outro tiro longo de Réver, outra falha de Tolói, outra antecipação de rara qualidade e velocidade de Tardelli,. 3 a 0.
Teve o quarto, com Ronaldinho ganhando sem falta em Wellington (e olha que o Gaúcho bateu muito no volante tricolor) e servindo sem olhar Jô para adiantar o Programa da Globo.
Teria um gol quase involuntário de Luís Fabiano, aos 30. Gol de honra em uma vergonha?
Não. Por que não foi vergonhosa a partida do São Paulo. Ainda que não se justifique tantas atuações de Douglas, que tem jogado em todas, e muito mal em todas as posições. Ainda que não se expliquem tantas falhas de posicionamento e de técnica dos zagueiros e dos volantes, que criaram um quadrado de Bermudas onde o São Paulo marcou de calças curtas como as chances tricolores a cada bola mal passada, mal trabalhada.
Não é vergonha ser goleado por um time tão bom e inspirado como o Atlético. Um Galo que quis jogo o tempo todo. Que não deixou um São Paulo jogar mais uma vez.
O problema para Ney Franco, além dos próprios problemas que ele criou ao escalar Douglas no lugar do ausente Oswaldo, é que só Douglas parecia querer jogo. O que é louvável. Mas como o jogo parece não querer Douglas, o São Paulo parou.
Só não perdeu ainda mais feio por que quando há um adversário jogando e ganhando lindo como o Atlético Mineiro, não há demérito. Apenas constatação.
Vai longe o Atlético.
Melhor: merece ir longe.
Veja meu comentário no dia seguinte, no JOGO ABERTO, da BAND Band comenta a goleada do Galo
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