RAIO-X: MANO A MANO Real Madrid x Atlético de Madrid
CRISTIANO RONALDO X JUANFRAN – Marcou na Liga dos Campeões o mesmo número de gols que o adversário da decisão em Milão: 16 gols (mais 4 assistências) em 11 jogos. Isto é, 62% dos 26 gols madridistas na UCL (dois deles de falta, e 3 de cabeça). Ele é uma máquina – ainda que não chegue 100%, fisicamente, costuma dar 2000%. Não é o maior do mundo de Messi, o Federer do futebol. Mas o gajo é o Nadal. Fisicamente perfeito, obstinado como poucos profissionais em qualquer campo. Quer de novo fazer a diferença como o primeiro a marcar em três finais de Champions. Para tanto, no 4-3-3 com a bola de Zidane, vai ter de se desgarrar por dentro, e, sem a bola, ser um dos dois da frente na recomposição defensiva do 4-4-2 merengue. Ganha de goleada o duelo individual contra Juanfran, eficiente e discreto lateral-direito do Atlético, que há 12 anos estreou como profissional justamente pelo Real Madrid. Mas o lateral de 31 anos é outro que compõe bem a máquina de defesa colchonera. Todo o destaque e desequilíbrio individual madridista pode ser freado pela capacidade coletiva do time muito bem treinado e encorpado por Simeone. Mas frear Ronaldo é muito difícil. Na Liga Espanhola ele marcou absurdos 35 gols (Suárez fez 40) dos 108 gols merengues. Em 36 jogos, 35 gols! Contribuição direta de 37% dos gols do Real Madrid na temporada nacional. Ele é disparado quem mais dispara em gol no campeonato: seis finalizações por jogo, quase o dobro de Benzema, e mais que as 3 de Messi por partida. É o vencedor do primeiro duelo no mano a mano.
BENZEMA X GIMÉNEZ + GODÍN – O centroavante do Real Madrid vive ótima fase goleadora, a melhor da carreira dele (anotou 24 gols na Liga BBVA na Espanha, mas apenas 4 na Uefa Champions League – UCL). Não consegue os mesmos holofotes que os pontas. Segue saindo da área e dando opção. CR7 e Bale atraem mais as atenções. Contra uma das mais sólidas linhas de zaga do mundo, precisa ser esse cara ainda mais letal. No Espanhol, Madrid e Atleti ganharam o mesmo número de jogos (28). Zidane empatou mais vezes (duas) e, por isso, ficou dois pontos à frente. O apetite pelo gol foi a diferença básica: enquanto o time merengue marcou 110 gols (só dois a menos que o Barcelona), a equipe de Simeone anotou apenas 63 vezes em 38 jogos. Saldo de 76 a 45. Benzema precisa ter total movimentação para dar brecha às incursões em diagonal de Bale e Cristiano. Ainda assim não será fácil pela compactação e compenetração de Giménez e Godín. O sistema defensivo colchonero concedeu apenas 18 gols. Impressionante. E precisará ser como foi por 89 minutos na decisão de 2014, em Lisboa: o adversário de Milão foi o time que mais finalizou no campeonato espanhol: 18 conclusões por jogo, mais até que as 15 (porém mais eficientes) do Barcelona em 2015-16. Os zagueiros uruguaios se entendem quase tão bem quanto Miranda e Godín há dois anos. Se perdeu algo em técnica com a saída do brasileiro para a Inter, a eficiência e juventude compensam. Pelo alto (Godin ganha 3 bolas por cima por jogo), atrás e à frente, seguem soberanos. E precisarão ser, especialmente contra Bale na bateria antiaérea, e quando vier Sergio Ramos nas bolas paradas (como em 2014). Empate muito técnico no confronto.
BALE X FILIPE LUÍS – É a melhor temporada do runaway train galês (19 gols no campeonato espanhol). Ainda não vale tudo que o clube pagou por ele, mas joga muito, corre muito, cabeceia muito (9 gols na temporada), e cobre bem o lado direito sem a bola no 4-4-2 de recomposição de ZZ. Em diagonal é perigoso como é na corrida. Filipe nasceu para jogar com Simeone e no Atleti. Melhorou a capacidade de marcação e funciona no combo colchonero, encurtando os espaços na linha de quatro, e correto no basculamento defensivo. Deu 4 assistências na Liga BBVA. Ele precisará de ajuda de Koke ou Saúl (Simeone às vezes os inverte) na marcação dobrada. No individual, Bale vence. No coletivo, outro empate. Com ligeira vantagem merengue, de um time que foi 100% nas últimas seis partidas do Espanhol, com desempenho melhor que todos, e, por tabela, que o Atleti, que perdeu um jogo para o lanterna do Espanhol que o tirou da disputa pelo título, na penúltima rodada.
KROOS X GABI – Difícil emparelhar duelos individuais em jogo tão coletivo e com formação distintas como o 4-3-3 do Madrid e o 4-4-2 (ou 4-4-1-1 ou ainda 4-1-4-1) do Atlético. Provavelmente Kroos e Gabi vão se ver mais vezes cara a cara. O alemão já jogou bem mais (embora seja o segundo melhor assistente da equipe, com 10 passes para gol). O espanhol joga com a eficiência de sempre. Podem se anular no cerco. Muito equilíbrio. Kroos tem mais passes. Gabi tem sido um dos mais cholos de Simeone, e é o líder de passes para gol da equipe na UCL: 3 assistências. Empate. Hoje, com ligeira prevalência do espanhol. Um time que tem a característica de ser mais vertical, objetivo, e ficar bem menos com a bola. Só o Barça (62%) ficou mais com a bola na Liga BBVA que o Madrid (56%). O Atleti não fica nem no top-5. Teve apenas 48% de posso.
MODRIC X AUGUSTO – O croata mais solto pela entrada de Casemiro na equipe pode desequilibrar num passe, numa virada, na chegada. Desequilibra pelo equilíbrio. Dos quatro da intermediária, o meio-campista Augusto Fernández o mais discreto, e o mais defensivo, desde que chegou na Espanha. Por vezes é quase um terceiro zagueiro, saindo com correção para armar o jogo. Ou o quinto da linha de trás. Quando se aprofundar Modric, Augusto dará um pé lá atrás. Melhor para o merengue. Um que fez o Madrid ter o segundo melhor passe na Espanha, com 86% de aproveitamento.
CASEMIRO X GRIEZMANN – Se Griezmann vier um pouco mais para trás, deixando El Niño na frente, no 4-4-1-1 sem a bola, a função de cortar os circuitos dele será de Casemiro, em seu auge. Se o excelente atacante francês atuar mais fixo no 4-4-2, mais à esquerda, o problema será tanto de Pepe quanto de Carvajal, e ainda assim Casemiro terá de estar mais esperto, e próximo da liga de zaga merengue. O brasileiro foi fundamental desde a virada no Camp Nou para o Real Madrid se acertar. Ou deixar de errar defensivamente. Com ele em campo o futebol de Modric e Kroos melhorou. Com a queda técnica de James e Isco, ainda mais necessária a presença de Casemiro para equilibrar um time que errava demais com Rafa Benítez. Um que pode deter o melhor jogador da temporada colchonera. Griezmann. Goleador e inventivo, participa de 54% dos gols na temporada (marcou 22 no Espanhol e, deu 5 assistências), é o cara desequilibrante do equilibradíssimo exército de Simeone, e que faz com que a equipe ataque muito pela esquerda (41% dos lances). Marcou dois gols de falta na Liga BBVA. Outro empate muito técnico.
MARCELO X SAÚL – O lateral brasileiro segue sendo um dos melhores do mundo, Dunga… Não se esqueça. E mais ainda para Zidane. No 4-4-2 do Atlético talvez saia mais que Carvajal. Mas terá problema tanto com Saúl quanto com Koke. Provavelmente mais com o primeiro, que sabe recuar e cercar o apoio de Marcelo. Empate técnico. Mas, taticamente, Saúl resolve mais. Ou ajuda mais na recomposição da equipe. Também pela capacidade no jogo aéreo: só Godin ganha mais lances pelo alto que ele. Saúl cabeceia duas bolas por jogo lá atrás. Só la UCL, os números dele são impressionantes 3 bolas por jogo, mais que Godín. É o vice-artilheiro do clube na competição, com 3 gols (7 de Griezmann). No Espanhol, 3 dos 4 gols dele foram de cabeça.
PEPE + SERGIO RAMOS X FERNANDO TORRES – Desde a virada no Camp Nou, o artilheiro participou de 10 dos últimos 15 gols. Dos mais badalados atacantes do mundo é dos mais supervalorizados. Mas na decisão da Euro-08, e na reta final da Champions de 2012 pelo Chelsea, ele cumpriu. Tem 5 gols em partidas internacionais decisivas. Ele está bem. Merece a titularidade, embora tenha um reserva de bom nível e ótima fase como Correa (sem falar de Carrasco, que deixaria Griezmann mais à frente). Para marcá-lo tem uma zaga em boa fase, e muita experiência e entrosamento. Ainda mais consistentes com Casemiro à frente deles. Pelo alto tem vencido os duelos. Na Liga BBVA, o Madrid ganha 56% das disputas aéreas (segundo melhor desempenho), com Pepe sendo o melhor no fundamento, seguido por Casemiro; já na Liga dos Campeões, o desempenho da bateria aérea de Simeone é pouco superior: 56%. Mas os zagueiros merengues podem se complicar pelo chão na velocidade, sobretudo se chegar Griezmann. Outro empate técnico.
CARVAJAL X KOKE – Danilo caiu demais de produção. E Carvajal talvez esteja em seu melhor momento. Merece a titularidade, tanto na marcação quanto no apoio. Deve ficar mais na dele, na defesa, esperando Koke que, como meia aberto pela esquerda, gosta de trabalhar pelo meio. Não será um choque direto, até por Griezmann muitas vezes aparecer por ali. Mas o lateral madridista precisa ficar esperto. Koke joga e organiza muito. Vantagem para o colchonero, líder de passes para gol do Atleti na Liga BBVA: 14 assistências (no Madrid, Cristiano Ronaldo deu 11). Das 14, 6 para gols de Griezmann (um que jogou os 38 jogos da equipe na Liga, como o goleiro Oblak).
NAVAS X OBLAK – Dois goleiros discretos no auge da carreira. Parecem jogar mais do que sabem e do que podem. Por isso estão na final da Liga dos Campeões. E cobertos de méritos. Ótimos reflexos. Pela fase, sou mais Navas. Por pouco. E poderão sair como heróis ao final, pela disputa que cheira a pênaltis.
ZIDANE X SIMEONE – Cholo é o melhor treinador do mundo HOJE para fazer qualquer equipe jogar mais do que pode. Como o Atlético de Madrid não é um time qualquer, e gastou mais de 110 milhões de euros para montar o elenco nesta temporada, ele faz de novo o Atleti um time que chega para a segunda final continental em três temporadas. Desde a derrota na prorrogação por 4 a 1 em Lisboa ele não perde o clássico para o Real Madrid (10 partidas). Zidane começou agora, e muito além da encomenda. Tirou uma vantagem de mais de 10 pontos na tabela no meio do campeonato e chegou à última rodada espanhola com chance de evitar o título do Barcelona. Superou dificuldades na Liga dos Campeões para sonhar com a décima-primeira, depois de passar por Roma, Wolsfburg e Manchester City. Trajetória incomparavelmente menos acidentada que a do Atlético, que eliminou PSV, Barcelona do MSN e o Bayern de Guardiola. Zidane monta o time como Madrid: 69% dos gols da equipe na temporada são em jogadas de posse de bola, trabalhadas (como 75% dos apenas 16 gols colchoneros); apenas 6% de contragolpe (5% do rival), e só 17% em lances de bola parada (tal qual o Atleti). A equipe é de passes curtos (86% deles), poucas bolas longas (10%) e ainda menos cruzamentos (4%). Simeone é de pouca troca de bola. Acerta poucos passes (77%), fica pouco com a bola (48%), e não finaliza muito (12 por jogo). Mas desarma muito bem: 24 vezes por partida. É a melhor característica de um time que marca bem, tanto mais à frente, quanto com a linha de marcação mais baixa, próxima à própria meta. Troca passes curtos, e finaliza bastante. Nem sempre com apuro. Treinadores que treinam mais ou menos como jogaram. Simeone era um senhor volante, jogava muito bem, e batia ainda mais; Zidane é um dos mais brilhantes jogadores da história, e dos mais elegantes. Empate técnico Muito técnico.
REAL MADRID X ATLÉTICO DE MADRID – Palpite seco. Pênaltis. E, neles, vantagem colchonera. Cristiano marcou 6 de pênalti na Liga, mas perdeu 3.
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