O Dérbi. Palestra 8 x 0 Corinthians. 1933
7 de maio de 1933. Parque São Jorge. Primeiro turno do Paulista. Corinthians 1 x 5 Palestra Italia. Primeiro jogo também do primeiro Rio-São Paulo. Partidas dos estaduais contavam para o interestadual. E contou demais para a brilhante campanha campeã do Palestra no RJ-SP: 17 vitórias em 22 jogos.
13 de agosto de 1933. Inauguração do Stadium Palestra Italia, com arquibancada de cimento armado. Goleada de 6 a 0 contra o Bangu, com a presença de tios do futuro ídolo Ademir da Guia no time carioca.
5 de novembro de 1933. Há 83 anos. Jogo dos segundos quadros. 4 a 0 para o Palestra contra o Corinthians. No jogo principal, que valia tanto pelo SP-33 quanto pelo primeiro Rio-São Paulo, parecia várzea. Quatro vira, oito acaba. Mas, de fato, foi três no primeiro tempo aos donos da casa, e mais cinco na segunda etapa.
A maior goleada desde o primeiro Dérbi, em maio de 1917.
Conto mais dela em PALMEIRAS – O CAMPEÃO DO SÉCULO, filme que volta a cartaz pelo Brasil. Pena que não existam imagens, apenas relatos como o do seu Genaro no documentário, que vendia água e guaraná no clássico que ainda não teve volta.
A previsão era de chuva. Mas só houve mesma a tormenta na meta alvinegra. Apesar do relato do jornal "O Estado de S.Paulo": o diário publicou que o Corinthians era "fraco e desorientado" e que o Palestra "não teve dificuldade" para fazer 8 a 0. Parecia que o Palestra havia vencido o time da Liga das Mães dos Jornalistas Paulistanos… E tinha mais: segundo o redator, a partida (a penúltima do returno) foi das mais "fracas" do certame… Para ele, "não era pequeno o número dos que esperavam uma bela figura dos rapazes de calções pretos". O time de camisa verde? Nenhuma linha na introdução de uma goleada por 8 a 0. Para o redator, não era o Palestra que vencera de goleada. Era o Corinthians que perdera por 8 a 0. Provavelmente o mesmo colega que, nos 5 a 1 do turno, escreveu que o Palestra não "produziu ofensivamente…". 5 a 1. E no Parque São Jorge. O mesmo, provavelmente, que destacou nos 8 a 0 o bom desempenho no Corinthians dos… zagueiros!
O Palestra atuou com Nascimento; Carnera e o grande capitão Junqueira formaram a linha defensiva; Tunga, Dula e Tuffy na linha média; Avelino, Gabardo, Romeu, Lara e Imparato. Treinados por Humberto Cabelli. O Corinthians mal jogou muito mal com Onça na meta; Rossi e Bazani; Jango, Brancácio e Carlos; Carlinhos, Baianinho, Zuza, Chola e Gallet, dirigidos por Pedro Mazzulo.
O JOGO
Na primeira bola, o maior artilheiro verde do dérbi (14 gols em 15 jogos) testou o goleiro alvinegro Onça. Romeu chutou de longe a bola bem defendida. Imparato, o "Trem Blindado", cruzou da esquerda para Romeu mandar no canto esquerdo de Onça. 1 a 0, aos sete minutos. Placar que poderia ser dois logo depois, não fosse a trave, numa bomba de Romeu. Daquelas de arrancar a toquinha que ele usava na cabeça.
Só não foi melhor para o Palestra no primeiro tempo por causa do árbitro, que não marcou mão na bola de Rossi. Pênalti que ele teria deixado passar, diferentemente do sistema defensivo corintiano. Aos 28, de novo Imparato serviu O Príncipe Palestrino. o goleiro Onça se atrapalhou com a bola, e Romeu entrou com ela e tudo. 2 a 0.
O 3 a 0 Palestra viria em lance de Gabardo para Romeu, aos 40 minutos do primeiro tempo. Foi "só" 3 a 0 na primeira etapa. Mas bastou um minuto da segunda para Gabardo marcar o mais lindo gol da tarde, depois de driblar vários rivais.
O quinto gol palestrino foi de Romeu. Ele pegou um rebote de um chute de Imparato que Onça não conseguiu segurar, e ampliou, aos 9. 5 a 0. Quatro dele. Depois Romeu recebeu de Tuffy e tocou para Imparato, vindo da esquerda, fazer mais um, na corrida, aos 9. 6 a 0.
Ainda teve mais um gol anulado por impedimento do Imparato. Mas não havia como. Imparato fez 7 a 0, aos 35, depois de uma bomba do Romeu que Onça, de novo, deu rebote. Imparável. 40, 8 a 0. Imparato.
Não foi mais pelos gols perdidos, por boas defesas de Onça, diferentemente de Nascimento, que só pegou na bola quatro vezes, no relato da "Folha de S.Paulo".
A festa palestrina foi na Praça do Patriarca, ao som de:
"A nossa turma é boa / é da Patriarca / arca! arca! arca! /Palestra! Palestra!"
Era o canto de guerra palestrino. Não muito longe dali, em outro canto do centro paulistano, era guerra mesmo: No dia seguinte, à noite, quase quinhentos alvinegros foram até a sede do Corinthians, na rua José Bonifácio, 33, ameaçando invadi-la para destituir a direção do clube. Toda a diretoria alvinegra, que assumira no começo de 1933, acabou se demitindo pelos 8 a 0 e pelas manifestações.
Torcedores corintianos divulgaram panfletos exigindo "uma vassourada" no clube como único modo de "salvação". Acabaram derrubando o que havia e quem havia por perto.
Vencendo o São Paulo da Floresta por 1 a 0, logo depois, o Palmeiras ganhou o bicampeonato estadual (seria tri em 1934), com doze vitórias, um empate e apenas uma derrota para a Portuguesa, no turno. O Corinthians seria o quarto colocado.
Não houve um dérbi como aquele.
Haverá como um dia devolver?
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