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Blog do Mauro Beting

Raio X. Mano a mano Real Madrid x Juventus.

Mauro Beting

31/05/2017 11h11

CRISTIANO RONALDO X BARZAGLI – Desde as semifinais contra o ótimo Monaco, Allegri mudou o 4-2-3-1 juventino que encaixara desde janeiro. Recolocou o rochoso Barzagli para atuar ora como lateral pela direita (mantendo o módulo tático), ora como terceiro zagueiro à direita, no repaginado 3-4-1-2 italiano. Deu liga o retorno da BBC da Vecchia Signora. Pode dar o tri da Liga aqui em Cardiff, no sábado. O problema "apenas" é que o cara que costuma começar pela ponta-esquerda do 4-3-3 merengue é o tal do CR7. O maior artilheiro da história da Liga. O craque que estava sendo preservado por Zidane pra explodir na reta de chegada, e não estourar músculos – como nas últimas temporadas chegou arriado. E ainda assim definiu quase tudo pela atual campeã europeia de clubes – e também pela de seleções, também em 2016. Se o cara fez cinco gols em Neuer em 210 minutos, quem pode dizer que não poderá fazer ao menos um em Buffon? Nesse duelo individual, Cristiano supera Barzagli. E qualquer outro. E pode sozinho superar o melhor sistema defensivo do mundo. E um dos mais eficientes da história. 

BENZEMA X BONUCCI + CHIELLINI – Contra essas duas feras, só um Benzema. Um ataque vestindo a camisa onze vezes campeã europeia. Ou mesmo um Cristiano que cai cada vez melhor por dentro, como 9, na parte final dos jogos. Mérito de Benzema, que cai pela esquerda e chama zagueiros. Ou mesmo pela direita, no novo esquema de ZZ sem o provável ausente Bale. Ainda que em casa, Bale não está 100%. Melhor seguir com Isco, que muda o sistema do 4-3-3 para o 4-3-1-2. Dando a Benzema mais liberdade e mais espaço pela direita do ataque. Onde encontrará mais vezes com Chiellini. O melhor dos três da BBC defensiva juventina. Seja zagueiro pela esquerda no 3-4-1-2 ou zagueiro-esquerdo no 4-2-3-1, segue sendo dos melhores do mundo. Responsável maior ao lado do mítico Buffon pelo sistema defendido que só levou três gols em 12 jogos de Liga. Bonucci também é muito eficiente por cima e por baixo. Tem passe longo apurado. Erra quase nada. E, nesse duelo, pode levar vantagem sobre Benzema, cinco quilos mais leve, mas ainda com o mesmo respeitável apetite de gols. 

ISCO X ALEX SANDRO – Esse duelo só se encaixa mesmo na fase defensiva do Madrid, quando o 4-3-1-2 (com Isco como o enganche) vira um 4-4-2 sem a bola. Isco acompanha Alex Sandro pela direita, enquanto Kroos abre pela esquerda na segunda linha de quatro. Alex é outro que vinha jogando muito mesmo como lateral-esquerdo, e cresce demais com mais espaço e liberdade no 3-4-1-2 na fase ofensiva. Vira ala pela esquerda e alterna com Mandzukic o apoio pelo setor. Sendo ajudado além da conta no trabalho defensivo pelo surpreendente Mandzukic. A movimentação de Isco pode ser determinante para definir o duelo quando tiver a bola. O madridista tentará jogar atrás dos dois volantes italianos. Mas, sem a pelota, terá que dar um pé para fechar o corredor. Para não sobrecarregar Carvajal e nem Modric. Duelo equilibrado. Fase de ambos é excelente. 
KROOS x KHEDIRA – O alemão ainda é o volante que mais pisa na área adversária. Allegri aposta nele e não no Principino Marchisio – que cadenciaria mais o jogo. Com Khedira a Juve ganha mais ritmo e dinâmica. Não necessariamente maior proteção e cuidado com a flutuação esperada de Isco e a "inesperada" de CR7. Khedira terá a árdua tarefa de enfrentar Kroos. O que não erra passes há meses. O que chega para chapar na entrada da área. O que já esteve mais brilhante. Mas segue muito eficiente e influente em qualquer time. Kross tem mais chance de levar esse duelo muito técnico contra um compatriota que cresce nos momentos decisivos. 
MODRIC X PJANIC – Dois que jogam demais e muito para os próprios times. Todocampistas, cercam como volantes e armam como meias. Modric voltou a crescer na temporada depois de lesão. Pjanic se adaptou rápido à excelência da Vecchia Signora. Modric está mais acostumado às grandes datas. Pjanic tem aquele apetite de finalista com predicados. Outro empate ultratécnico. Vantagem individual para o merengue. Mas a Juve vive momento melhor como equipe. 

CASEMIRO X DYBALA – O brasileiro, como todo o Madrid, estava melhor em 2016, na final de Milão. A Juve é mais time e camisa que o Atlético de Madrid – então vencido nos pênaltis. O páreo é ainda mais complicado. Mas Casemiro parece pronto. Sempre apto a não deixar jogar e ainda jogar com o time. Problema será frear o projeto de craque que mais se parece com Messi. Ele não é o genial argentino. Ninguém é. Mas o jeito de jogar se assemelha. E a capacidade de desequilibrar tem sido algo parecida. Dybala ganha esse confronto antes de a bola rolar. Se o Madrid e Casemiro mais uma vez não se superarem. 
 

MARCELO X DANIEL ALVES – Pode não ser o melhor momento da carreira de Marcelo e nem mesmo de Daniel Alves. Mas quem tem jogado mais do que os dois? O lateral merengue já merece as comparações com Roberto Carlos – ainda perde. Como Dani as com Cafu – também perde. Mas só de estarem nesse nível, quem ousa criticar? Daniel melhora a cada partida. Os passes para gols são absurdos. O trabalho como lateral no 4-2-3-1 era notável. Na mudança para o 3-4-2-1, ele pode ser lateral, ala pela direita, ou mesmo o meia aberto pela direita na linha de três ofensiva. Em qualquer uma joga demais. E precisa jogar tudo para superar Marcelo cada vez melhor como lateral, e letal quando apoia por dentro ou aberto na parceria fantástica com CR7. Empate uber técnico e tático e também físico. Dois gigavencedores. 
  
VARANE + SERGIO RAMOS X HIGUAIN – O francês é cada vez mais confiável. Ramos atingiu proporções míticas ao definir que jogos decisivos só acabam quando ele quiser. Senhora dupla. Como seria com Pepe e mesmo o versátil Nacho. E precisa ser tudo isso contra um Higuain que parece mandar pra dentro do gol as merecidas críticas de que não sabia se dar bem em jogos decisivos. Segue meio tosco com a bola. Perdendo gols absurdos. Mas é absurdo ainda maior desprezá-lo. Antes de a bola rolar, aposto mais no sistema defensivo merengue. Mesmo com a Lei do Ex estar pipocando dentro da pequena área. 
CARVAJAL x MANDZUKIC – A melhor temporada do lateral espanhol x a maior revelação tática da temporada. Não é só o artilheiro de cabeça o Mandzukic. É um meia aberto pela esquerda que fecha em facão pra fazer gols. É um segundo marcador de lateral rival que dá um belo pé e 15 pulmões a Alex Sandro. Impressiona a dedicação de Mandzukic. Ganha o duelo. 

NAVAS X BUFFON – Navas voltou a ser nos últimos jogos o goleiro que eu não achava que seria bom para o Madrid. E que não fosse um fax mal passado teria sido De Gea. Muito mais goleiro que o tico. Mas muitos resultados recentes passam por ótimas atuações dele. Não será por Navas que o Madrid se perderá. Duro será superar o PELÉ DA META. BUFFON. O maior goleiro que vi. Dos anos 90 para baixo é outra coisa na função. Os goleiros eram mais baixos. Não precisavam usar os pés. Era menos ágeis e menos fortes. A meta era a mesma. Mas eles eram menos atletas. E treinavam muito menos. Mas mesmo se fosse em outra época, Buffon seria o maior pelo absurdo tempo de resposta. Pela agilidade impressionante. Elasticidade. Colocação. Presença. E a vontade que tem para ganhar a primeira Orelhuda. Buffon. Sempre. 

ZIDANE X ALLEGRI – Ótima surpresa no banco madridista. Zizou pode ser bicampeão europeu no segundo torneio que disputa. Sabe gestionar o elenco e tem sabido rodar o grupo e gerar opções de jogo. Como Allegri faz muito bem na ótima Juve que herdou de Conte. Ele perdeu os vices de 2015 mega qualificados como Pirlo, Pogba, Vidal e Tévez. Mas achou uma equipe mais confiável, competente e cascuda como esse time de 2017. 
 
REAL MADRID X JUVENTUS – O atual campeão tentando um bicampeonato europeu que desde 1990 nenhum clube conquistou. Real Madrid que também é o maior vencedor da Liga. Chega à terceira final em quatro anos. Há oito temporadas está sempre entre os semifinalistas. Tem 11 títulos contra dois do oponente. Juventus que é a maior vice de todas. Seis finais perdidas. Em metade delas pintava favorita. Inclusive a que perdeu em 1998 para o próprio Madrid, em Amsterdã. Quando Zidane não resolveu em campo para a Juve que de fato foi melhor em 90 minutos. Mas não foi campeã. Como palpito que agora será nos pênaltis. Pelas mãos de Buffon. 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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