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Blog do Mauro Beting

Neymar é do Paris com argent

Mauro Beting

02/08/2017 09h57

MILTON TRAJANO

Os anjos de Neymar conversam

Neymar sempre quis o Barcelona. Sempre. No começo de 2006, quando o pai e o empresário queriam o Real Madrid do ídolo Robinho, ficaram na casa madrilena dele por quase um mês. Nem isso foi suficiente. Neymar Jr. não quis virar o Messi do Madrid. Quando Messi ainda não era o Messi do mundo. 
Neymar sempre quis o Barcelona. No final de 2011, antes da final do Mundial, tudo certo para ser parceiro de Messi, ele quis o Barcelona que tanto o queria que fez um negócio atípico. Ainda discutido. E que entre outras tantas coisas levou à queda do presidente do clube. E a várias discussões na justiça. 
Neymar sempre quis o Barcelona. No primeiro semestre de 2013, mesmo com o Real Madrid oferecendo muito mais para ele, para o pai, para todas as partes envolvidas, ele quis ser tois do Messi. 

Neymar sempre quis o Barcelona. Em 2015, mesmo com o Manchester United oferecendo a cláusula de rescisão e muito mais dinheiro para tudo e para todos, ele preferiu seguir como o N do MSN. Mensagem direta ao mundo. Serei um dia o maior de todos. Mesmo com o M. Ou só quando ele e CR7 deixarem. 
 

Neymar sempre quis o Barcelona. Em 2017, mesmo com o PSG pagando a rescisão ainda maior que em 2015, mesmo oferecendo em cinco anos de contrato 000.000.000 à direita e alguns mais à esquerda, com Daniel Alves chegando, outros brasileiros por lá, Paris, um novo e enorme desafio pela frente, a possibilidade ameaçadora de ser mais um fruto da figueira onde já deu Figo pro Real Madrid do pé da Catalunha, Neymar preferiu seguir onde o coração de menino o mandou desde moleque: Barcelona. Mais que um clube. 

Neymar sempre quis o Barcelona. E foi feliz a cada ano em que Messi ia envelhecendo como vinho. Saindo mais da área. Deixando os companheiros como Neymar e Suárez mais próximos dela. Mesmo com o Madrid ainda fortíssimo, e ainda mais com Mbappé, Neymar foi jogando mais solto com Valverde. Saiu da esquerda. Caiu por dentro. E jogou ainda mais. 

Neymar sempre quis o Barcelona. E o Barcelona o quer ainda mais por isso. Se nenhum clube nunca conseguiu chegar nem perto de Messi pelo tamanho do gênio argentino, Neymar aprendeu, como Puskas com Di Stéfano no Madrid dos 50-60, que dois craques podem e devem se entender lá dentro. 

Neymar sempre quis o Barcelona. Assim pôde se identificar com o clube mais do que o Fenômeno. Mais do que Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo. Para ficar em melhores do mundo com a camisa blaugrana. E não apenas por ela. Craques que jogaram em outros clubes. Ídolos que até, por vezes, se identificaram mais com outras cores. Ou com camisa alguma. Algo que não mancha carreira. Mas não marca como poderia. 
Neymar sempre quis o Barcelona. E isso foi ótimo para a Seleção. Atuando num clube de pressão absoluta e absurda, numa Liga muito mais difícil e complexa que a francesa (um campeonato sérvio em francês), ele jogou com e contra os melhores. Ainda que o PSG tenha mudado de patamar, elevado o sarrafo, ainda é o Paris com Argent. Clube com dinheiro. Com toda uma história para construir. Toda uma história que Neymar construiu lindo no Barcelona que ele quis dormir abraçado. Como foi ainda mais maduro para as Copas da Rússia e Qatar. Fazendo por lá tudo que fez pelo Brasil. E pelos culés. 

Neymar sempre quis o Barcelona. Se deixou de ganhar ainda mais dinheiro no PSG, ganhou ainda mais respeito, carinho e admiração pelo dificílimo NÃO que deu aos franceses do Qatar em 2017. Não foi uma decisão fácil. Ao preferir seguir na Catalunha, Neymar deixou de garantir o futuro dos tataranetos dos tataranetos dos tataranetos. Mas manteve uma vida confortável para os tataranetos dos tataranetos. E para as milhares de pessoas que ajuda no Instituto Neymar Jr. 

Ele sempre quis o Barcelona. Sempre foi o sonho dele. Como o meu também era que Neymar sempre quisesse ser Barcelona. Mais importante que ser o melhor do mundo é estar entre os melhores do mundo. É estar sempre com quem o quis e pagou tão bem. 

Neymar merece tudo de bom pelo tudo de lindo e de ótimo que ele faz. Sou fã. Mas se ele tivesse aceitado a proposta do PSG em 2017, ainda assim entenderia. Ele tem 222 milhões de motivos. Um bilhão de razões. Não é só ele. Tem o pai. A família. Os amigos. Os negócios. As próximas gerações. Além delas. 

A decisão foi dele. Tem que se respeitar. Mas ainda bem, para todos, menos para o PSG, que Neymar ficou no Barcelona. Não só temos um grande craque histórico para louvar. Temos uma bandeira para desfraldar na Catalunha além da Senyera. 

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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