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Blog do Mauro Beting

É penta! É Fábio! Cruzeiro 5 x 3 Flamengo (nos pênaltis).

Mauro Beting

28/09/2017 00h30

Cruzeiro x Flamengo têm para dividir o melhor goleiro de suas histórias: Raul. Mas a antológica atuação do arqueiro que já o superou em partidas celestes mais uma vez só surpreende todos os treinadores de Seleção que não dão bola a Fábio. O nome do penta da Raposa.

Título que chegou nos pênaltis como já havia feito Fábio na semifinal contra o Grêmio de Luan – tiro que ele defendeu. Campeonato conquistado na cobrança que ele espalmou de outro craque rival (Diego). Tiro forte que Fábio foi buscar como quase defendeu o de Guerrero. Cobrança ruim que, até por isso, passou por baixo do goleiro.

Pênalti tem disso. Às vezes um chute pior de um jogador melhor como o peruano engana mais do que uma ótima cobrança de alguém não tão bom.

Há como dizer que tivemos a primeira decisão por pênaltis onde deu a lógica esperada: o Cruzeiro bateu muito bem os cinco tiros, e do outro lado havia um Muralha que levou 28 gols nos últimos 30 pênaltis (e ainda pulou todos para o mesmo lado…). Perdeu o time que tinha um goleiro limitadíssimo (enquanto o melhor defensor de pênaltis da história do futebol espanhol não pôde ser inscrito pelo Flamengo pelo regulamento burro…). E sem esquecer a falha de Thiago na ida, no Maracanã.

Foram duas finais iguais, ainda que se possa discutir a arbitragem da primeira partida. Na volta, no Mineirão, não há o que falar. O árbitro foi muito bem. A ponto de abreviar o acréscimo devido. Ele queria os pênaltis. Ele e a torcida defendida por Fábio. A que tinha Alex na meta, não tinha como esperar melhor sorte.

O Cruzeiro ganhou apenas um dos últimos seis jogos do torneio. Também só perdeu um. Mas mereceu o título que não se discute de um pentacampeão.

No jogo mais nervoso do que jogado, Raniel não ficou cinco minutos na finalíssima. Lesões musculares nas coxas abreviaram a primeira decisão do menino escolhido por Mano para comandar o ataque celeste. Um sonho que virou pesadelo para o guri que foi para o banco chorando. Thiago Neves foi adiantado para ser a referência na frente. Ele que sabe decidir jogos assim. Mas o jogador decisivo que finalizou como juvenil em seguida, em bela bola de Arrascaeta. Sozinho, TN isolou o lance na saída de Muralha.

Outro que parece um menino maluquinho de deixar lunático o torcedor. Como um dia foi parar na Seleção que não chama Fábio ou Vanderlei? Uma coleção de saídas precipitadas e bolas que quase sempre parecem escapar no primeiro tempo igual. Também pelo ótimo desempenho defensivo. O jovem zagueiro mineiro Murilo atuando com simplicidade e sonegando espaços a Berrio. Juan jogando com a mesma classe desde quando era menino. Vinho rubro-negro lá atrás.

Guerrero até tentou. Mandou bela falta no travessão do excelente Fábio. Mas de novo faltou parceria. Diego segue errando bolas que sempre acertou e se manteve distante demais. Foi mal não só no pênalti. E ainda assim foi eleito o melhor jogador da Copa do Brasil. Algo como Khan em 2002, que até a final até tinha como ter sido… Apenas Everton foi o de sempre. E sem estar 100%. Mas foi pouco. O Cruzeiro, mais como mandante do que dono da casa, fustigou mais. Provou mais. Mas não tanto para merecer a vantagem inicial.

Na segunda etapa, o cheiro de empate se manteve. Rafinha entrou para dar velocidade pela direita. E até com bola e tudo saiu pela lateral. Quando foi para a esquerda para a entrada de Élber, pouca coisa mudou. Inclusive as bobagens de Muralha. Em falha de várzea, aos 32, quase deu o gol ao Cruzeiro. Do outro lado, não fosse Fábio, aos 42, Guerrero teria feito o gol do tetra carioca em bela canhota e ainda maior defesa de um goleiro que pouco trabalhou em jogo mal atacado.

Onde só havia perigo nos tantos cruzamentos quase sempre mal cabeceados pelos ataques que ganharam todas as bolas perdidas pelas baterias antiaéreas.

No final, a mais que previsível disputa de pênaltis foi ainda mais previsivelmente vencida pelo time que tinha um goleiro como Fábio. E uma história vencedora na Copa do Brasil que teve a sua primeira final com dois empates. A segunda decidida nos pênaltis. Vencida pelo segundo pentacampeão da Copa.

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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