Topo

Blog do Mauro Beting

Ninguém é igual a Messi. E ele não pode ser igual a muitos em cada Copa. O que houve com a Argentina?

Mauro Beting

01/07/2018 10h02

Foi há 4 anos, no Maracanã. Parece ser pra sempre em qualquer lugar. Ele sempre estará muito perto dela. Mas ela parece sempre estar cada vez mais longe dele e dos que o cercam. Torço para que em 2022 ele ainda tenha esse mesmo olhar.

Antes de tudo, ou do nada que a Argentina conquista desde 1993: ela foi eliminada no melhor jogo de Copa deste século por um time que pode ganhar o mundo em duas semanas, e por um craque que pode ser o melhor do mundo em alguns anos. E não só por Mbappé a Argentina caiu antes da hora. Também foi superada por um time melhor, com um elenco mais rico, e uma base mais entrosada e com mais tempo de trabalho. Como também aconteceu nas três quedas anteriores para a Alemanha em Copas.

Tudo que a AFA com três presidentes e três treinadores em três anos não deu e não teve com Sampaoli. Bom técnico que escalou 15 albicelestes diferentes em 15 jogos. Nenhuma partida à altura da Argentina. Nem um grupo à altura da história bicampeã mundial.

Faltou Lautaro Martínez a esse elenco que também poderia ter Icardi como opção de ataque e defensores mais qualificados que não nascem mais no país – como goleiros desde Fillol. Lanzini se lesionou e Enzo Pérez chegou em ritmo de férias. Outros não se acertaram fisicamente. Tecnicamente muitos deveram. Para não dizer todos. Di Maria que acerta qualquer time só jogou algo depois do golaço contra a França. Dybala só jogou 15 minutos. Lo Celso nem jogou. Meza jogou até demais para quem ainda não está pronto.

Tudo que treinou Sampaoli ele não usou. Nada do que não preparou com três na zaga contra a Croácia deu certo. A esquizofrenia tática apimentada com um time que entrava em parafuso a cada gol tomado fazia da defesa um pavor pior do que Caballero saindo com os pés contra a Croácia. Grotesco como Fazio recuando para Armani quando a Argentina havia virado em gol lotérico contra a França. Estranho como um golaço de pé direito de Rojo contra a Nigéria.

A Argentina não pode ser apenas o sangue escorrendo de Mascherano na última partida do grupo como se fosse a última do mundo. O jefecito não pode ser apenas o cara que comete pênaltis que eu não marcaria como ele também já não marca mais no meio. Nenhuma equipe pode ser comandada pelos atletas. Nenhum goleador como Aguero pode ser relegado ao banco para ver um bando em campo.

Nenhum jogador do mundo é igual a Messi. E Messi não pode passar mais uma Copa igual a tantos.

A bola pode abaixar a cabeça com mais uma decepção dele. Ele, não. Ele tem todos os motivos do mundo para não jogar coletivamente o que sabe – já falamos em outros textos. Mas nada, nem a indivisão, explica o porquê de os lances que na Catalunha ele resolve ele se perde sem dentes e sem unha pela Argentina.

O torcedor argentino não merece isso. O mundo do futebol não merece só isso. Messi merece o mundo e o planeta de onde veio o futebol dele.

Mas futebol é assim. E a Argentina não tem sido futebol.

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

Blog do Mauro Beting