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Blog do Mauro Beting

Gabriel Jesus, seja o nosso Paolo Rossi

Mauro Beting

04/07/2018 10h14

Na estreia na Copa, uma tabelinha e uma cabeçada contra a ótima Polônia. 0 x 0 jogando mal. No segundo jogo, dividiu uma bola com o goleiro aos 39 e foi substituído no intervalo no 1 a 1 com o bom Peru. Na terceira partida, o principal jornal do país dizendo que o treinador não se divorciava do seu centroavante que estava dois anos sem atuar por suspensão. Ele cruzou a bola do gol do empate contra o bom time de Camarões. E mais nada.

No quarto jogo contra a então campeã mundial Argentina, ele participou do segundo gol da vitória. Mas foi substituído e saiu vaiado de campo.

Na quinta partida, com 5 minutos marcou seu primeiro gol na Copa. Faria mais dois contra o favorito Brasil. Na semifinal fez os dois gols da vitória contra a Polônia. Na decisão marcou o primeiro dos três da Itália. Nos três jogos finais marcou seis gols e foi artilheiro e eleito o craque da Copa-82.

Paolo Rossi.

Gabriel Jesus não está bem. Não faz os gols que fez pelo Brasil desde a estreia de Tite. Ajuda mais uma vez muito ao deixar Neymar mais solto. Secretaria a marcação na lateral-esquerda. Abre espaço pela movimentação para quem vem de trás como Paulinho chegou no gol contra a Sérvia. Participa do primeiro contra a Costa Rica.

Mas não está bem tecnicamente. Para um centroavante do Brasil em Copa, só não está pior do que o ótimo Fred que foi mal em 2014. Até fez gol no terceiro jogo contra a fraca seleção de Camarões. Mais nada fez até o 1 a 7. Nem jogou no 0 a 3 para a Holanda.

Gabriel tem atuado melhor do que Fred. Mas ainda é pouco. Até porque nenhum comandante de ataque brasileiro em Copas ficou quatro jogos sem marcar em um Mundial.

Em 1930, em duas partidas, os centroavantes não fizeram. Em 1934, Leônidas fez o único gol brasileiro. Em 1938, foi o artilheiro da Copa. Como em 1950 seria o centroavante Ademir de Menezes.

O primeiro gol do Brasil nos três jogos em 1954 foi d centroavante Baltazar. Mazzola marcou dois na estreia em 1958. Perderia o lugar no time para Vavá que marcou dois quando virou titular, mais um na semifinal, e os dois primeiros do título.

Em 1962, ele demorou a fazer. Só na segunda fase. Mas fez um na Inglaterra, dois no Chile, e o último gol do bicampeonato mundial.

Tostão foi centroavante no segundo jogo em 1966 e fez o único gol na derrota para a Hungria. Em 1970, marcaria apenas dois gols na quarta partida contra o Peru. Mas jogou demais em função diferente daquela em que brilhava no Cruzeiro.

Jairzinho terminou como centroavante a Copa-74. Fez o último gol do Brasil na Copa na vitória contra a Argentina de um Brasil que nos dois primeiros e nos dois últimos jogos não fez gol.

Em 1978, Reinaldo não foi bem e saiu do time depois de dois jogos. Mas fez gol no primeiro. Dinamite entrou já marcando contra a Áustria. E fez boa Copa.

Serginho Chulapa não fez um grande Mundial em 1982 em uma equipe que pedia o estilo refinado do lesionado Careca. Ainda assim fez gol no terceiro jogo e também contra a Argentina.

Careca foi artilheiro em 1986 e 1990. Como Romário foi craque e tetra em 1994. Ronaldo essencial em 1998 e no penta em 2002, virou artilheiro dos mundiais em 2006. Luís Fabiano foi bem em 2010.

Só em 2014 Fred não foi o que é. Como Gabriel Jesus não está sendo o que precisa ser um 9. E ele ainda pode ser. Como tem sido muito mais, e foi bem melhor na temporada pelo Liverpool o camisa 10 que virou 9 Firmino. E que tem entrado muito bem na Copa em todos os jogos, participando do gol contra Costa Rica, e marcando no México em apenas 2min04s em campo.

Hora para mudar?

Em time que se ganha também se mexe. Tem como discutir Firmino x Gabriel. Firmino também ajuda atrás. E tem sido mais valioso à frente. Está acostumando a enfrentar os belgas e em especial Kompany – zagueiro companheiro de GJ no City…

Não causaria nenhum mal-estar no grupo a troca. Poderia melhorar tecnicamente a equipe sem detrimento tático.

Mas algo me diz que ainda é o caso de começar com Gabriel Jesus. Com Firmino se aquecendo desde o primeiro minuto.

Feeling? Afinidade? Entrosamento? Ambiente? Palestrinismo (da minha parte?)

Tudo isso. Mas, do lado de Tite, passa também pelo grupo tanto quanto pelo time.

É justificável mais uma chance. Como foi dada a Willian e ele virou o jogo muito bem contra o México.

Ainda começaria com Gabriel Jesus. Só não me pergunte muito o porquê.

Sobre o Autor

Mauro Beting é comentarista do Esporte Interativo e da rádio Jovem Pan, blogueiro do UOL, comentarista do videogame PES desde 2010. Escreveu 17 livros, e dirigiu três documentários para cinema e TV. Curador do Museu da Seleção Brasileira, um dos curadores do Museu Pelé. Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Agora S.Paulo e Lance!, nas rádios Gazeta, Trianon e Bandeirantes, nas TVs Gazeta, Sportv, Band, PSN, Cultura, Record, Bandsports, Foxsports, nos portais PSN, Americaonline e Yahoo!, e colaborou nas revistas Placar, Trivela e Fut! Lance. Está na imprensa esportiva há 28 anos por ser torcedor há 52. Torce por um jornalismo sério, mas corneta o jornalista que se leva muito a sério

Sobre o Blog

O blog fala, vê, ouve, conta, canta, comenta, corneta, critica, sorri, chora, come, bebe, sofre, sua e vive o nosso futebol. Quem vive de passado é quem tem história para contar. Ele tem a pretensão de dar reload no que ouvi e li e vi e fazer a tabelinha entre passado e presente para dar um toque no futuro.

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