Como os nossos pais
Dias antes do Dia dos Pais, lembro que o pai do meu avô não era Palestra porque ainda não havia o clube. Mas tenho certeza que ele seria se não tivesse morrido antes da fundação.
Meu bisavô foi assassinado numa disputa por terras na frente do meu avô, que tinha 12 anos. Ele era amigo do filho do assassino. Nas brincadeiras de criança, depois da morte do pai dele, meu avô ouvia de brincadeira que ele também teria o mesmo fim.
Não teve. E isso não é brincadeira. Nem de criança.
Ele viu a vida do pai desaparecer na frente dele. Mas ele sabe que o pai morreu. O presidente da OAB desde os 2 anos não sabe o paradeiro do pai preso em 1974. Pai que foi demitido meses depois por "justa causa" por "abandono de emprego" numa estatal por não aparecer mais ao trabalho…
Nada pode ser mais covarde do que sumir com alguém. Ainda mais quando o autor do crime é uma autoridade, conforme sempre se suspeitou, e como desde 2014 foi confirmado oficialmente por testemunha que viu o corpo do pai do presidente da OAB ser levado de um aparelho de repressão para ser incinerado.
Mas há algo mais não humano. Uma autoridade brincar como criança a respeito do desaparecimento de um pai. Como o filho do assassino do meu bisavô. Como o presidente de uma República onde meu bisavô tentou fazer a vida saindo da Alemanha.
Meu bisavô foi assassinado antes de o Palestra Italia ser fundado. Mas eu sei que ele sempre foi palestrino. A gente sabe o que nossos ancestrais são.
Outros descendentes não têm ideia. E se alguém sabe do paradeiro de alguém que desapareceu com 26 anos e há 45 nada mais se sabe, favor informar a família.
"Fala só de futebol" irão comentar aqui. Mas estou falando só disso. Só futebol. De paixão de avô para neto.
Não é uma questão de política. Partido. Ideologia. Guerrilha. Terrorismo. Ditadura. É questão de educação e respeito.
De humanidade.
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